Você segue vacinando o seu filho durante a quarentena? Em tempos de pandemia e isolamento social, é natural se sentir inseguro em expor seus filhos ao risco de contaminação em clínicas privadas ou postos de saúde. Mas a vacinação é considerada umas das melhores formas de proteção contra diversas doenças de acordo com o Ministério da Saúde ².
É importantíssimo manter o calendário vacinal atualizado nessa fase, já que além da COVID-19, outras doenças graves continuam a oferecer perigo (1, 3 - 6). Na hora de vacinar, vale ter uma série de cuidados, como explica Bárbara Furtado (CRM/RJ 72109-3), pediatra e gerente médica de vacinas da GSK.
“É importante colocar a máscara em todos os adultos e em crianças acima de dois anos, além de usar álcool em gel. O COVID-19 é uma nova ameaça à saúde, mas é preciso lembrar das doenças que não deixaram de existir, como a gripe e o sarampo, por exemplo”.
Entre elas está a coqueluche, uma ameaça principalmente aos bebês menores de seis meses, que ainda não completaram o esquema primário de vacinação com DTP (Difteria, Tétano e Coqueluche). É uma doença causada por uma bactéria presente na boca e nas narinas, tendo como principais sintomas tosse, febre baixa e coriza. Geralmente, estes são mais leves em adultos. A coqueluche é facilmente transmitida por meio de fala, tosse ou espirros de quem está próximo (7-9).
Por essa razão, as mães são as maiores transmissoras de coqueluche para os bebês, em aproximadamente 39% dos casos.(8) A transmissão se dá depois que a criança nasce, justamente por esse contato próximo com mães portadoras dessa bactéria.(8) A recomendação é tomar a vacina dTpa, disponível nas redes públicas e privada, a partir da 20ª semana de gestação (11-12). “Com isso, o organismo da mãe produz anticorpos que já são transmitidos ao feto. O bebê já nasce ‘vacinado’, de certa forma, até os dois meses de vida, quando poderá receber as primeiras doses contra a doença”, afirma a Dra. Bárbara.
Em 2019, segundo o Datasus (13), a cobertura vacinal contra coqueluche chegou a apenas 57% das gestantes no Brasil quando, segundo a pediatra, o ideal deveria ser 95%.
Vacinação em tempos de Pandemia
De acordo com a médica, como neste momento os sistemas de saúde estão sobrecarregados com o atendimento aos casos de COVID-19, manter a vacinação em dia também significa evitar ficar doente e procurar atendimento, o que pode aumentar o risco de contaminação. Pesa ainda a chegada do inverno, um período em que aumenta a propagação de vírus e bactérias (14,18).
Além da gripe, sarampo e coqueluche, outras doenças preocupam e podem ser evitadas com a vacinação (14-17). É o caso da meningite meningocócica, uma infecção bacteriana das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, que pode ter consequências dramáticas. No Brasil, a doença leva cerca de 20% dos pacientes a óbito, podendo ocorrer dentro de 24 a 48 horas após o início dos sintomas (18– 22, 28).
“Casulo”
Para além de mães e bebês, no entanto, todos os adultos e adolescentes que convivem no mesmo ambiente familiar devem manter a vacinação em dia (23 e 24). É a chamada estratégia “Cocoon” – casulo, na tradução para o português (8). Esse cuidado é importante, uma vez que o recém-nascido tem um sistema imunológico ainda em fase de amadurecimento, portanto, menos eficiente no combate aos vírus e bactérias (8 – 10, 27).
“Costumamos nos preocupar mais com a vacina das crianças e acabamos esquecendo de nós mesmos. Isso ficou nítido com a volta do sarampo, no ano passado: a grande maioria das pessoas atingidas foram adolescentes e adultos que não tinham completado o esquema vacinal”, diz a pediatra.
De acordo com a médica, o Programa Nacional de Imunização foi criado em 1973 e boa parte das vacinas que existem hoje vieram após o ano 2000. A vacina da meningite B, por exemplo, passou a ser comercializada no Brasil somente em 2015 (25). “A grande maioria dos adultos e idosos (24) não têm nem metade das vacinas que deveria ter. Muitas estão disponíveis gratuitamente em postos de saúde, outras apenas na rede privada. O fato é: todas devem ser tomadas em cada fase da vida”, afirma a médica.
Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte sempre um médico.
NP-BR-VX-OGM-200005 – Jun/2020
Referências:
1 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Nota Técnica: Vacinação de rotina durante a pandemia de COVID-19. Disponível em: https://ift.tt/3dMpg7E. Acesso em:04 jun. 2020.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Vacinação é a maneira mais eficaz para evitar doenças. Disponível em: https://ift.tt/2AU6Zqd. Acessoem: 04 jun. 2020.
3. PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION/WORLD HEALTH ORGANIZATION. Immunization Newsletter. The Immunization Program in the Context of the COVID-19 Pandemic. March 2020.Disponível em: https://ift.tt/3h5EvdP. Acesso em:04 jun. 2020.
4. ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DA SAÚDE/WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diretora da OPAS pede continuidade na vacinação para evitar risco de outros surtos durante pandemia de COVID-19. Disponível em:https://ift.tt/3cMGLU7. Acesso em: 04 jun. 2020.
5. WORLD HEALTH ORGANIZATION.Princípios orientadores para as actividades de vacinação durante a pandemia de COVID-19. Disponível em:https://ift.tt/3f1lwiT. Acesso em: 04 jun. 2020.
6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Calendário vacinal da criança e a pandemia pelo COVID-19. Disponível em: https://ift.tt/30kIrBC. Acesso em: 04 jun. 2020.
7. BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim V. 46, N39, 2015. Disponível em: https://ift.tt/2BT1MfF. Acesso em: 04 jun. 2020.
8. WILEY, KE. et al. Sources of pertussis infection in young infants: A review of key evidence informing targeting of the cocoon strategy. Vaccine,31(4): 618-25, 2013.
09. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Pertussis (Whooping Cough) Questions and Answers. Disponível em: https://ift.tt/29YC3Fw. Acesso em: 04 jun. 2020.
10. CENTERS FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL. Pertussis (Whooping Cough). Causes andTransmission.2017. Disponível em: https://ift.tt/2tYBvH2. Acesso em: 04 jun. 2020.
11. BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação da Gestante 2020. Disponível em: https://ift.tt/2Ag5zXk. Acesso em: 04 jun. 2020.
12. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Febrasgo recomenda vacinação com dTpa para as gestantes. 2017. Disponível em:https://ift.tt/37fOp85. Acesso em: 04 jun. 2020.
13. Pesquisa realizada na base de dados DATASUS, utilizando os limites “IMUNO” para Linha, “ANO” para coluna, “COBERTURAS VACINAIS” para Conteúdo, “2019” para Períodos Disponíveis, selecionar “DUPLA ADULTO E TRÍPLICE ACELULAR GESTANTE” e “TODAS AS CATEGORIAS” para os demais itens. Base de dados disponível em: <https://ift.tt/2MFZ4Qj>. Acesso em: 04 jun. 2020.
14. BRASIL. Ministério da Saúde. Cuidados simples evitam transmissão das doenças do inverno. 2013. Disponível em: https://ift.tt/2XK7cWd. Acesso em: 04 jun. 2020.
15. BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário nacional de vacinação da criança. Disponível em:https://ift.tt/3dNj1jN. Acesso em: 04 jun. 2020.
16. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário vacinal SBIm 2019/2020: do nascimento a terceira idade (atualizado em 21/01/2020). Disponível em:https://ift.tt/31oPLJG. Acesso em: 04 jun. 2020.
17. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Calendário de vacinação da SBP 2020. Disponível em: https://ift.tt/30nrWF1. Acesso em: 04 jun. 2020.
18. PORTAL DA SAÚDE. Meningite: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. 2019. Disponível em: https://ift.tt/2uRvgdm. Acesso em: 04 jun. 2020.
19. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Meningococcal meningitis. Disponível em:https://ift.tt/2C8cdgc. Acesso em: 04 jun. 2020.
20. CASTIÑEIRAS, TMPP. et al. Doença meningocócica. In: CENTRO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE PARA VIAJANTES. Disponível em: https://ift.tt/3h7UkRc. Acesso em: 04 jun. 2020.
21. ERVATI, M.M. et al. Fatores de risco para a doença meningocócica. RevistaCientífica da FMC, 3(2): 19-23, 2008.
22. CHRISTENSEN, H. et al. Meningococcal carriage by age: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis, 10(12): 853-61, 2010.
23. BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente 2020. Disponível em: https://ift.tt/2XLnAFZ. Acesso em: 04 jun. 2020.
24. BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário nacional de vacinação do adulto e idoso. Disponível em:https://ift.tt/2Upa3Sk. Acesso em: 04 jun. 2020.
25. DOU, Brasília, DF, 5 de janeiro de 2015. Resolução ° 1, de 2 de janeiro de 2015. Seção 1, Suplemento, p.1.
26. ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DA SAÚDE/WORLD HEALTH ORGANIZATION. Folha informativa – COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus)Disponível em: https://ift.tt/2YRxhDA. Acesso em: 04 jun. 2020
27. RMMG. Revista Médica de Minas Gerais.O sistema imunológico do recém-nascido.Disponível em: https://ift.tt/2zgx42p. Acesso em: 04 jun. 2020
28. Pesquisa realizada na base de dados DATASUS, utilizando os limites “SOROGRUPO" para Linha, “EVOLUÇÃO" para Coluna, "CASOS CONFIRMADOS" para Conteúdo, “2019" para Períodos Disponíveis, "MM", "MCC" e "MM+MCC" para Etiologia, e "TODAS AS CATEGORIAS" para os demais itens. Disponível em: <https://ift.tt/37aADns>. Acessoem: 04 jun. 2020.
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