Wednesday, February 19, 2020

#Ofuturoéhoje: o que seu filho típico precisa saber sobre meu filho atípico

Andrea Werner e Theo (Foto: Arquivo pessoal)

 

Um futuro melhor, com mais igualdade, justiça e prosperidade para todos começa com a maneira com que educamos nossos filhos hoje. Nesta reportagem, que faz parte da série #ofuturoéhoje, a jornalista e colunista da CRESCER, Andrea Werner, aponta cinco coisas que gostaria que crianças com desenvolvimento típico soubessem sobre seu filho Theo, 11 anos, que está no espectro autista. Confira:

1. Acima de tudo, meu filho também é uma criança.
Independente das diferenças e da deficiência que tenha, ele sempre vai ter mais semelhanças com qualquer outra criança do que diferenças. Sempre vai ter uma forma de os pequenos brincarem juntos e interagirem - e é isso que deve ser reforçado no diálogo dos pais com os filhos.

2. Ele não é "esquisito".
Uma vez, aqui no meu prédio, havia duas crianças dentro da piscina e, quando o Theo entrou na água, percebi que uma delas fez cara feia. O pai estava fora da piscina, lendo e vigiando, enquanto brincavam. Uma terceira criança chegou e foi entrar ao lado do Theo. Então, um dos meninos que já estava na água gritou: "Não entra aí, que esse menino é esquisito". E o pai da criança que estava perto fingiu que não ouviu nada, não se manifestou. Eu na hora falei para o menino: "Ele não é esquisito, ele só é diferente". Se fosse meu filho que fizesse uma indelicadeza dessas, eu chamaria a atenção na hora. É questão de boa educação, falaria para pedir desculpas. Porque quando você não faz nada, incentiva um comportamento que exclui. Isso não é educar para a diversidade e machuca as pessoas.

Andrea e Theo (Foto: Arquivo pessoal)

 

3Meu filho é diferente - e o seu também. Não existem duas pessoas iguais.
Algumas pessoas andam com as pernas, outras com cadeira. Alguns falam, outros se expressam com gestos. E o mundo é melhor e mais rico com isso! Quando crescem convivendo com o diferente, como é o caso da minha sobrinha, as crianças compreendem isso de uma maneira muito clara. Em nenhum momento, ela trata o Theo como se ele tivesse algum problema; ela encara como o "jeito dele" e os dois sempre encontram uma forma de se divertirem juntos.

4. Conviver com meu filho diferente pode ensinar muito para ele.
Mesmo que meu filho não fale, o seu pode entender o que ele está sentindo pelos barulhinhos que ele faz e e também pelas expressões. É só prestar atenção, que é possível interpretar esses sinais. Quando crescem acostumadas com a diversidade, as pessoas se tornam perceptivas, habilidosas no convívio social e empáticas.

5. Juntos, nossos filhos podem construir um futuro melhor.
A geração dos pais em que me incluo tem preconceito com deficiência, que é o que chamamos de capacitismo. Não crescemos com colegas com deficiência, na época era muito tabu, as pessoas com deficiência de qualquer idade ficavam isoladas, institucionalizadas ou eram trancadas dentro de casa. É natural que a gente tenha crescido com essa rejeição, mas não precisa ser assim. Temos que agir com nossos filhos quando são pequenos para que cresçam acostumados à diversidade e sejam adultos melhores do que somos. 

 

 



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