Sunday, February 23, 2020

CBF analisa fim do treino de cabeceio para crianças; entenda

CBF estuda pedir o fim do cabecei em treinos de crianças (Foto: Getty)

 

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), anunciou, recentemente, que estuda a possibilidade de acabar com os treinos de cabeceio para crianças de até 12 anos a fim de evitar concussões. Por telefone, a assessoria de imprensa afirmou que a decisão é baseada em uma pesquisa feita nos Estados Unidos. "É uma orientação internacional que ainda está sendo adotada por outros países. Estamos estudando essa possibilidade baseada em estudos internacionais. No entanto, as conversas ainda são iniciais, preliminares, não há decisão ou prazo", informou.

Para entender melhor os riscos da jogada para as categorias até os 12 anos, a CRESCER conversou com o especialista em medicina esportiva e ex-médico da Seleção Brasileira de Handbol, Leandro Gregorut.

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C: O que um cabeceio pode causar à saúde de uma criança?
Na verdade, é a pancada com a bola que traz os maiores riscos, principalmente no treinamento. As cabeçadas constantes e repetitivas podem causar pequenos traumas no cérebro pelo movimento de contato da bola com a cabeça. Nesse momento, há uma desaceleração brusca do cérebro, ocasionando pequenas lesões. Essas microlesões no tecido cerebral entre os neurônios causam cicatrizes que levam a diversos sintomas como perda de memória, déficit de atenção e dificuldade para interpretar as coisas ao seu redor. Isso é muito comum, mais tarde, entre lutadores de boxe e jogadores de futebol americano.

C: Por que a recomendação é específica para crianças de até 12 anos?
Pois é a fase em que há uma maior formação do sistema cerebral ou sistema congitivo da criança. Então, machucar essa região nesse período da infância pode ser muito prejudicial para a formação neurológica no futuro.

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C: Após essa idade, os riscos continuam?
Sim, continuam. Por exemplo, os atletas profissionais amadores que podem participar, por exemplo, dos jogos olímpicos, são obrigados a lutarem com um capacete protetor para amenizar essa pancadas na cabeça. Os jogadores de futebol americano na adolescência jogam com fitas ao redor da cintura e a jogada é parada quando a fita do adversário é arrancada. Então, não há o contato violento, justamente para preservar a cabeça, o cérebro e a coluna cervical. 

C: Quais esportes são mais perigosos por conta dessa lesão?
São todos os esportes no qual se pode ter um trauma crânioencefálico. Ou seja, quando a cabeça bate constantemente em algo como o futebol americano, o boxe e o futebol — principalmente durante os treinos. Pois, para você treinar o cabeceio, precisa fazer muitas repetições e aí está o principal problema.

C: Como os profissionais da medicina esportiva receberam essa notícia da CBF?
Na minha opinião, é benéfico, principalmente em relação a proteção e saúde. Não há necessidade de as crianças executarem esse movimento se a possibilidade de çesão existe. Elas podem aprender isso mais tarde, sem prejuízo algum para o esporte. Então, acredito que a decisão é correta e consciente.

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