Wednesday, March 6, 2019

Rafa Brites: "Em dois anos, meu filho dormiu UMA noite toda"

Rafa Brites: noite de sono é luxo (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Preciso confessar uma coisa: meu nome é Rafaella e, quando viajo, eu minto para as pessoas que tenho compromissos, só para deitar e dormir no silêncio de um quarto de hotel. Sim, moro no Rio de Janeiro, mas tenho trabalhos em São Paulo e, volta e meia, durmo por lá. 

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Por ter morado na cidade por dez anos, fiz grandes amizades e, assim que chego, começam os convites. Juro que, pela manhã, todos me parecem irrecusáveis e vou marcando mil jantares, bares e festas... Mas, lá pelas 3 da tarde, a ficha cai, e começo a perceber que não vou em nada.

“Não é que ele simplesmente não dorme. Ele também tem pavor de
me ver dormir”
 

Entro no táxi e já começo a pensar no banho que vou tomar sozinha, na comida que pedirei no serviço de quarto, no ar-condicionado ligado. Chego a sentir o lençol caindo na pele, as luzes apagadas e uma bela, completa e ininterrupta noite de sono.

Neste mês, meu filho completa 2 anos. São 730 dias de amor. Desses dias, sabe quantos ele dormiu uma noite toda? Deixa eu contar aqui... UMA. Sim, inclusive, quando acordei, achei que tinha acontecido algo. Fiquei preocupada, mas animada. Pensei: “Ah, agora ele começou a dormir a noite toda”. Doce ilusão.

No começo, eram os choros normais de um recém-nascido; depois, vieram os dentes. Agora, ele está na minicama e aparece no meu quarto três vezes por noite, todo descabelado, meio zumbi e com a naninha arrastando. Não é irresistível? Eu o coloco em minha cama e ele fica dez minutos quietinho, até começar o UFC (entendedores entenderão!). Ele agarra o pai, agarra a mãe, vira 180 graus, chuta, até eu decidir levá-lo de volta para o quarto dele. Tenho de ficar um tempo lá e sair de fininho. Depois de umas três horas lá está ele de novo, no corredor.

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Sim, ele come bem. Sim, ele gasta energia. Não, ele não tira sonecas longas durante o dia. Não, ele não vê desenho até tarde. Sim, dou um banho relaxante antes. Enfim, meu filho não dorme. Aceitei. Uma hora, vai.

Mas não é que ele simplesmente não dorme. Ele também tem pavor de me ver dormir. Sabe aquele cochilo no sofá no domingo, enquanto o pai está cuidando? Eu me escondo atrás de 30 almofadas porque certamente um carrinho voará na minha cabeça, um tapão (sem a intenção de machucar, é claro), um “Códa, mamãe, vem!”. Não resisto e vou mesmo.

Só para fazer justiça, o processo também é pesado para o Felipe, meu marido, que acostumou a colocar o filho para dormir deitando com ele na cama. É cada malabarismo...
Por isso, vim aqui me desculpar com todas as pessoas com quem marquei e desmarquei nesses últimos dois anos em prol desse meu fetiche, que é uma noite de sono. Acredite se quiser: eu e meu marido, que também viaja muito, ficamos descrevendo nossas noites um para o outro no dia seguinte: como era a cama do hotel, o que viu na TV antes de pegar no sono.

Estou em um movimento muito legal aqui com a CRESCER, o #meumomento, defendendo a necessidade de a mãe ter o espaço dela. Sempre em algo grandioso, em uma viagem, em um plano na academia... Ah, minha gente, cancela para mim a aula de spinning, deixa crescer a raiz do meu cabelo, e adia essa viagem para depois, que agora vou dar aquela dormidinha. Talvez nem acabe essa fra...zzzzzzzzz.

Rafa Brites (Foto: reprodução/Instagram)

 



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