Wednesday, November 21, 2018

Participativo, mas nem tanto

Ilustração em que o pai está agachado ao lado do filho que tenta usar o vaso sanitário (Foto: Reprodução/Facebook)

 

Posso até me achar participativo, mas quando chego em casa e as crianças estão de banho tomado, não fui eu quem deu.

Posso me achar paciente, mas no fim do dia duas crianças estão alimentadas e não era eu que estava ali pra isso.

Posso achar que pondero mais meus horários de trabalho hoje em virtude dos pequenos, mas quem abriu mão de mais da metade dos compromissos profissionais não fui eu.

Posso achar que tenho despesas demais. Mas eu pelo menos ainda ganho o suficiente pra gastar bastante.

Me acho o máximo brincando com as crianças aos finais de semana, mas quando eu chego em casa, quem está na mesa brincando de dominó com um enquanto o outro se pendura em algum móvel, não sou eu. E isso depois de tudo que já rolou durante um dia inteiro.

A fralda da manhã costuma ser minha. E eu às vezes ainda esqueço. E as outras 5... 6... ao longo do dia?

Chego do trabalho cansado. Às vezes quero ficar mudo, no celular... Mas e quem não teve ninguém pra conversar direito ao longo do dia? Ao longo dos últimos dias... semanas.

Ser um pai participativo passa por ter a consciência que tudo, absolutamente tudo, poderia ser muito mais intenso. E é, principalmente, saber reconhecer o papel desempenhado por aquela que está do seu lado. Não é tão difícil assim enxergar.

 

Beto Lima (Foto: Divulgação)

Beto Lima é publicitário e desde 2013 escreve sobre família no @eupapai, perfil de Instagram criado por ele para trazer a visão paterna sobre a criação dos filhos. Quer escrever para ele? Clique aqui!



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