Segundo os dados da Rede de Bancos de Leite Humano (RBLH), de janeiro a agosto deste ano, houve um crescimento de 20% de coleta de leite humano no Brasil. "Muitas mães começaram a trabalhar em casa devido à pandemia e isso possibilitou amamentarem mais seus bebês, o que estimulou ainda mais a produção de leite e permitiu aumentar a doação”, explica Telma Aparecida, médica responsável pelo Banco de Leite Humano no Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Coreia Netto, onde o crescimento foi de 24%.
Mas, afinal, com mais pessoas doando, será que os cuidados com a higiene devem continuar os mesmos? Segundo a ginecologista e obstetra Carolina Curci, é preciso ter mais atenção antes e durante a retirada do leite. "Tem que realmente intensificar os cuidados. A higiene precisa ser maior, sim. No momento da extração, a mãe precisa usar touca, lavar as mãos e antebraços com água e sabão e usar máscara durante todo o processo para que nenhuma gotícula da secreção materna caia no vidrinho ou no leite. Importante salientar que a lavagem das mãos deve durar de 20 a 40 segundos, deve ser feita até a região dos cotovelos e os vidrinhos para armazenagem do leite devem ser muito bem higienizados", esclareceu. "Outro cuidado importante é limpar o local onde será feita a extração do leite materno", completou.
Quem quiser, ainda pode fazer o uso de equipamentos para auxiliar o processo, e esses também devem ser higienizados "Pode-se usar as bombinhas. Aquelas que possuem dois bicos extratores ajudam muito a diminuir o tempo que esse leite fica exposto, o que é importante também. Existem ainda sutiãs que facilitam e auxiliam na sustentação, pois as mulheres conseguem ficar com as mãos livres. Já os saquinhos para armazenamento que já veem higienizados permitem a fácil identificação e podem ir direto para geladeira", disse.
DOAÇÃO X PANDEMIA
O Ministério da Saúde e os bancos de leite em todo o país têm intensificado campanhas para estimular a doação mesmo em meio à pandemia. Segundo Telma Aparecida, médica responsável pelo Banco de Leite Humano no Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Coreia Netto, em São Paulo, os bancos já possuem, em sua rotina, cuidados na manipulação segura do leite humano. São utilizadas máscaras de proteção, toucas, luvas e aventais descartáveis durante os procedimentos e na visita domiciliar. Depois, é realizado um controle de qualidade, estocagem sob congelamento e distribuição sob prescrição do leite materno doado.
Esse leite doado é destinado à bebês prematuros ou doentes que estão internados em hospitais do país. Um litro pasteurizado pode atender até 10 recém nascidos. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo lembrou que a doação de leite humano é segura, já que o processo de pasteurização inativa o coronavírus e os procedimentos e rotinas no banco de leite estão de acordo com as normas nacionais para prevenir a infecção e propagação da covid-19. Para doar, a mãe precisa entrar em contato pelo telefone do banco de leite humano mais próximo e realizar um cadastro. Após aprovada, semanalmente é realizada uma coleta domiciliar. No entanto, "aquelas que estão com suspeita ou foram contaminadas por covid devem suspender a doação por 14 dias, mas devem amamentar seus bebês sem interrupção seguindo protocolos de higiene nas mãos e proteção de máscara”, finaliza a especialista.
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