Eu queria convidar você a fazer um rápido exercício de imaginação. Imagine que você está passeando com o seu amigo no shopping. É um amigo de longa data, um dos seus melhores amigos, e vocês estão se divertindo, botando o papo em dia e olhando as vitrines das lojas.
Entre uma vitrine e outra, algumas risadas e abraços cordiais, vocês passam em frente a uma loja de celulares, com todos os smartphones de última geração em destaque. Você olha para os lançamentos, admira-os, mas tenta seguir em frente, até notar que o seu amigo está parado, olhando para a vitrine de um jeito diferente.
Você o chama, mas ele continua olhando fixamente para um modelo específico de telefone. É bem evidente que ele deseja muito aquele aparelho.
Você insiste, chamando-o novamente. Você o lembra que vocês ainda têm muitas coisas divertidas no planejamento da tarde de vocês: vão tomar um café especial e ainda passar na área de jogos para lembrar o quanto vocês já se divertiram lá, há alguns anos.
Seu amigo acena com a cabeça, mas continua encarando a vitrine.
Já irritado, você lembra o seu amigo de que vocês não têm muito tempo, e que logo precisará dele, seu amigo começa a chorar muito.
Ele grita, treme e chora de uma forma que você nunca viu. Você tenta conversar com ele, mas ele não escuta você e continua gritando cada vez mais alto. É constrangedor para você, ainda mais com as pessoas passando por vocês e encarando com olhar de espanto.
Com isso em mente, o que você faria com o seu amigo?
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A) Ameaçaria colocá-lo de castigo, se não parasse com essa palhaçada imediatamente
B) Daria um tapa no braço ou cabeça, dizendo que se ele não parasse de chorar, você daria motivos reais para ele chorar
C) Você jogaria na cara dele tudo o que você fez por ele, para estar passeando com ele, para mostrar quão ingrato ele é por estar fazendo esse papelão
D) Chegaria bem perto do ouvido dele e falaria, com muita raiva na sua voz, que você nunca mais vai passear com ele. E que você vai pegar de volta o presente de amigo oculto que você deu para ele no ano passado
E) Se aproximaria dele, tentaria abraçá-lo (caso ele aceitasse o abraço) e diria que você está ali por ele, que deseja ajudá-lo a se sentir melhor
Com exceção da última alternativa, todas parecem absurdas, né? Ninguém faria isso com seu amigo em sã consciência. Contudo, os nossos filhos passam pela mesma situação, todos os dias, e todo mundo acha que é aceitável tratá-los mal quando eles estão em seus piores momentos.
É como se, na verdade, o único erro que os nossos filhos cometeram foi o de não terem nascido adultos. Mas lembre-se que, no fim do dia, nós somos os adultos da relação.
Nós temos as ferramentas para acolher, guiar e ensinar os nossos filhos. Sem violência, mas com empatia.
Os nossos filhos precisam da nossa ajuda para se sentirem melhor, não pior. Tente tratar os seus filhos com o respeito que os seus amigos merecem, e a sua relação com os seus filhos mudará de uma forma inacreditável.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Thiago-Queiroz-Paizinho-virgula/noticia/2020/03/quando-o-seu-amigo-e-quem-faz-birra-o-unico-erro-que-os-nossos-filhos-cometeram-foi-o-de-nao-terem-nascido-adultos.html