Thursday, October 29, 2020

Família de bebê que tem só meio coração comemora "1 ano de alta"

Comemoração: Ayla recebeu alta hospitalar há um ano (Foto: Arquivo pessoal)

 

Nem aniversário ou mesversário. Dessa vez, a comemoração é pela saúde! Há exatamente um ano, a pequena Ayla recebeu alta hospitalar e, desde então, está em casa com a família. Em entrevista a CRESCER, a mãe, Suelen Siscate Calazaes Lobo, de Sumaré, interior de São Paulo, contou que a filha tem só "meio coração". "Ela foi desenganada pelos médicos da minha cidade. Fez uma cirurgia com três dias de vida, outra com três meses e fará mais uma quando completar 3 anos. Chegamos a morar no hospital por 5 meses. Não foi fácil, mas seguro nos meus braços meu milagre", desabafou a mãe.

Ayla, que tem 1 ano e 4 meses, possui síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE). A luta ainda não terminou, mas a família já tem motivos para comemorar. "Foi emocionante chegar neste marco sem precisar de internações e saber que tudo o que passamos valeu apena. Ela respondeu muito bem a todos os processos realizados", diz.

Ayla ainda tem uma cirurgia pela frente! (Foto: Arquivo pessoal)

 

ENTENDA

Suelen descobriu a condição da filha ainda na gravidez. "Estava tudo indo normalmente até que, em um ultrassom de rotina, com 30 semanas, descobrimos que o coração dela tinha uma má-formação. Marcamos, então, um ecocardiograma fetal e foi quando recebemos o diagnóstico de sindrome da hipoplasia do coração esquerdo", lembra. "Na época, nos explicaram que a condição de Ayla era a cardiopatia mais grave porque somente metade do coração funcionava, e que ela iria precisar de um hospital de referência assim que nascesse", conta.

A luta da família começou antes mesmo do parto. "As próximas consultas já foram com uma equipe especializada e ficamos mais confiantes. Nos mudamos para São Paulo quando completei 36 semanas, pois Ayla não poderia nascer de parto normal. Com a cesárea agendada, ficamos aguardando o tão sonhado dia. Não era fácil saber que minha bebê iria nascer e logo precisaria de uma cirurgia. Mas, em minha orações, sempre pedia a Deus por um milagre. Fiz muitas orações e pedi força e sabedoria. Mas foi um parto lindo! Foi um alívio ouvir o chorinho dela depois de tanta tensão. No entanto, ela foi levada diretamente para a UTI e só a vimos 24 horas depois, antes de ela ser entubada. Foi uma mistura de emoções", diz.

Foram 23 dias na UTI com Ayla entubada. "Depois, fomos para o quarto aguardar a próxima cirurgia. Foram dias difíceis. Os exames e as consultas eram diários, tudo para garantia a total recuperação. Com três meses e 15 dias, ela passou pela segunda cirurgia. Estava tudo bem até que no terceiro dia, ela teve convulsões e um AVC. Foram mais nove dias na UTI. Felizmente, Ayla se recuperou. No total, ficamos 4 meses e meio no hopital até a tão sonhada alta chegar. Para virar a página e começar uma nova vida, fomos ver o mar e agradecer a Deus pela oportunidade divina", diz Suelen.

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"A gente sonha com uma maternidade linda, de poder pegar o bebê e dar o leite materno. Mas, para a gente, foi uma comemoração ela poder ter tomado 5 ml do meu leite por sonda", lembra. Atualmente, Ayla faz acompanhamento trimestral e está muito bem. "Ela é super inteligente e a parte motora esta bem. Ela faz fisioterapia, terapia ocupacional e acompanhamento com fonoaudióloga para recuperar o tempo perdido na UTI. Ela também faz natação. Ama", diz a mãe, orgulhosa, que já está esperando o caçula. "Não tenho medo da cardiopatia, minha fé é maior que um diagnóstico. Já vimos o coração do Yan e está ótimo, sem cardiopatia. Apesar de sabermos que a hipoplasia não é hereditária, simplesmente acontece com 1 em 5 mil crianças. Agora, minha missão é essa dar esperança à outras familias diariamente", finalizou.

Hoje, Ayla tem 1 ano e 3 meses (Foto: Arquivo pessoal)

 



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