Friday, March 20, 2020

Cloroquina, medicamento usado para malária e lúpus, esgota em farmácias; eficácia contra coronavírus não é comprovada, diz Anvisa

Remédios na farmácia (Foto: MJ_Prototype/Thinkstock)

 

Medicamentos com hidroxicloroquina e cloroquina estão esgotados em farmácias de São Paulo e do interior desde que começou a circular a informação de que as substâncias poderiam ser usadas para o tratamento do coronavírus. Os remédios são receitados para artrite, lúpus e malária, por exemplo. Pacientes com essas doenças têm relatado a falta dos medicamentos para a continuidade dos seus tratamentos.

Na quinta-feira (19), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota em que diz que, “apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus.”

Ainda segundo a Anvisa, um estudo feito com 20 pacientes na China apontou que o tratamento com hidroxicloroquina é associado à redução ou até desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19, mas a inclusão de novos medicamentos exige estudos em uma amostra mais significativa.

“Há evidência pré-clínica da eficácia e evidência de segurança do uso clínico de longa data para outras indicações, o que justifica a pesquisa clínica com a cloroquina em pacientes com COVID-19. A conclusão dessa revisão foi que dados de segurança e dados de ensaios clínicos de maior qualidade são urgentemente necessários”, diz a Agência.

O Brasil tem 621 casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com informações divulgadas nesta quinta (19) pelo Ministério da Saúde. A região Sudeste é a que apresenta o maior número de casos da doença (391), seguida por Nordeste (90), Sul (71), Centro-Oeste (61) e Norte (8).

Medicamentos com hidroxicloroquina já estão esgotados em várias farmácias (Foto: Reprodução)

 

 

Em falta nos EUA

Nos Estados Unidos, as duas drogas já começaram a ser testadas para tratar o coronavírus. E depois de elogiadas pelo presidente Donald Trump nesta semana, também começaram a ficar em falta no país.

De acordo com as primeiras pesquisas, além de ter um efeito antiviral direto, a hidroxicloroquina suprime a produção e liberação de proteínas envolvidas nas complicações inflamatórias de várias doenças virais. Ainda não existem, porém, vacinas ou tratamentos aprovados para a doença.

Riscos da automedicação 

Crescer ouviu o reumatologista Thiago Bitar, médico do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, que descreve que há vários pacientes com lúpus preocupados com a falta do medicamento. "Os pacientes estão desesperados. Não encontram o remédio em lugar nenhum e a falta de tratamento pode reativar a doença, colocando-os em risco de vida", explica.

Além do risco a quem precisa do medicamento para tratar outras doenças, a automedicação também pode ser perigosa. "Essa é uma droga segura, mas ela pode causar cegueira em alguns casos. Por isso, quando receitamos a alguém, é necessário um acompanhamento semestral com oftalmologista. Há pacientes que chegam a ter perda de visão. Por isso é importante que o remédio seja tomado apenas sob prescrição e com acompanhamento".

Segundo o especialista, o medicamento tem a função de regular o sistema imunológico. "Apesar das pesquisas apontarem eficiência do remédio em alguns casos contra o coronavírus, a amostragem ainda é muito pequena. Temos usado, sim, em casos graves, com comprometimento pulmonar, mas ele não tem efeito preventivo nenhum", ressalta.

 



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