Muitos de nós, criados entre gritos, nos vemos reproduzindo esse comportamento no dia a dia com nossos filhos, principalmente em meio ao grande estresse causado pelo isolamento do novo coronavírus, não é mesmo? Mas esse hábito pode ser muito prejudicial para a saúde mental dos pequenos. Segundo especialistas no assunto, os gritos ativam a produção do hormônio do estresse, levando os pequenos a um estado de alerta constante.
“Gritar é uma estratégia de curto prazo, mas se o fizermos de forma contínua terá efeito no cérebro e no comportamento semelhante à violência física” declarou Natalia Redondo, conselheira do Instituto La Albuera de Segóviam, na Espanha, em entrevista ao El País. “Se continuarmos a gritar como forma regular de educá-los, haverá um aumento dos níveis de ansiedade e estresse nas crianças, além de uma diminuição na autoestima, uma vez que elas não se sentem valorizadas pelos pais", explica.
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Natália afirma que essa forma de educação pode causar frustações tanto na criança quanto em seus responsáveis, porque a criança se acostuma com gritos e isso faz com que também grite e chore cada vez mais alto. Crianças costumam aprender mais com o que fazemos do que com o que dizemos.
A psicóloga Henar Martín López concorda: “Nosso cérebro identifica esta situação como perigosa e fica alerta. É por isso que diferentes substâncias são geradas no cérebro, como o cortisol, que é o hormônio do estresse. Se costumamos gritar, uma quantidade muito elevada de cortisol é liberada no cérebro de nossos filhos, o que leva à desregulação emocional, ativando um estado de alerta contínuo. A consequência é que sentem medo cada vez que olhamos para eles e ficam inseguros com suas figuras de referência”.
Henar sugere que uma boa forma de resolver conflitos com as crianças é mantendo um diálogo pacífico, criando um clima de respeito e passando a sensação de que a criança está sendo ouvida. "Dessa forma, valorizamos a autoestima e servimos de exemplo para resolver conflitos de forma segura e tranquila ”, afirma a psicóloga. “Não vamos esquecer a importância de estabelecer limites e regras. Todos nós precisamos de rotinas e regras. Outra coisa é que eles transgridem essas normas, então, antes, é importante chegar a um acordo em família sobre quais seriam as consequências para seus atos", completa.
Natália Redondo defende que os adultos precisam aprender a controlar seu comportamento e não descontar seus cansaços e frustações nas crianças. “Recomendo os sistemas de pontos para trabalhar comportamentos específicos, estabelecendo previamente suas consequências. Funciona de forma eficaz, pois permite saber de antemão o que esperamos deles e quais as consequências que levarão ou não à conduta indicada”, conclui.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2020/12/gritar-pode-causar-efeito-semelhante-violencia-fisica-no-cerebro-das-criancas-diz-especialista.html