Com a aproximação das festas de fim de ano e das férias de verão, muitas famílias se preparam para pegar a estrada. Mudar de ambiente, passear e visitar familiares após meses de confinamento pode ser importante para a saúde mental... mas é preciso lembrar que a pandemia de covid 19 não acabou. Aliás, levantamentos recentes apontam aumento de casos da doença em diversos estados do país.
Obedecer às regras de higiene e segurança em hotéis, aeroportos, atrações turísticas e restaurantes é o mínimo que qualquer turista deve fazer para proteger a si mesmo e aos outros. CRESCER conversou com três médicos especialistas para garantir uma viagem segura e responsável. A principal orientação para crianças e adultos continua sendo usar a máscara (a partir de dois anos de idade), manter o distanciamento, lavar as mãos com frequência ou usar álcool gel e evitar tocar o rosto.
Avalie as condições no destino e vá de carro, se puder
O pediatra e infectologista Daniel Jarovsky sugere que a família busque informações sobre o índice de contágio no local para onde deseja viajar: “A doença é muito dinâmica e varia de lugar para lugar, então vale ficar de olho no crescimento de casos no destino escolhido”. Dependendo das estatísticas, talvez seja melhor repensar o destino para não se expor ao risco. Outro ponto a ser considerado é como vocês pretendem chegar lá. “As viagens de carro são mais indicadas porque são mais seguras. Neste momento, com repique de casos muito forte, devemos evitar avião”, afirma o pediatra Daniel Becker, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Caso não seja possível, ele explica que o ideal é fazer uma quarentena de dez dias em casa para evitar carregar o vírus na viagem - a chance de contaminar outras pessoas é muito maior em meios de transporte coletivos.
Na dúvida ou com sintomas, adie a viagem
E se alguém da família ficar doente a poucos dias de arrumar as malas? “Não se deve viajar com sinais de uma doença respiratória ou sintomas de uma síndrome gripal - como febre, tosse e coriza”, diz Renato Kfouri, pediatra especialista em infectologia e imunização. “Mesmo em quadros leves, a probabilidade de ser covid-19 não é desprezível atualmente”.
Ele orienta procurar serviço médico e realizar a testagem. Se der positivo, a viagem precisará ser adiada por, no mínimo, dez dias a partir do início dos sintomas – e desde que a pessoa esteja há três dias sem manifestar nada. Se houver algum sintoma, o período sobe para 14 dias de isolamento. Caso o resultado dê negativo e a pessoa estiver se sentindo bem, está liberada para viajar. Mas se seguir tossindo e espirrando... “Não deve ir porque os testes podem falhar e, mesmo não sendo covid 19, você pode transmitir um vírus respiratório para outras pessoas”, diz Renato.
Testes rápidos tranquilizam, mas atenção para a “janela”
O exame RT-PCR, o chamado “teste rápido” para detecção da covid 19, pode ser feito inclusive em crianças. É uma alternativa para quem deseja viajar mais tranquilo e eliminar a suspeita, por exemplo, após o contato próximo com alguém que foi diagnosticado com a doença. O resultado do exame costuma ficar disponível em dois dias, mas o infectologista Daniel Jarovsky faz algumas ressalvas. “Colher o PCR com menos de 48h do início dos sintomas pode levar a um falso negativo, ou seja, você tem a doença, mas a quantidade de vírus ainda é pequena para ser detectada desta forma”, afirma. “Para viajar em segurança, precisaria considerar uma janela de uns cinco dias: aguarda dois dias de sintomas, colhe o exame, mais dois dias para o resultado”.
Sintomas durante a viagem? Isole e esclareça
Na hipótese de algum membro da família apresentar sinais de uma síndrome gripal, como febre ou tosse, a recomendação é se isolar dos demais e observar a evolução nas próximas 48h. Se a viagem acontece em uma casa de veraneio ou alugada, mais fácil.
Caso estejam em um hotel, a pessoa sintomática não deve circular nas áreas comuns (piscina, restaurante etc) e precisa esclarecer o quadro com atendimento médico ou teste laboratorial. “Sendo ou não Covid, você precisa ter a responsabilidade de reduzir a chance de transmissão do vírus. Espera-se essa consciência e educação”, afirma o médico Renato Kfouri.Se o diagnóstico foi positivo para o novo coronavírus, a volta para casa deve ser postergada quando depender de uma viagem de ônibus, avião ou outro transporte coletivo...
Vale a pena viajar na pandemia?
O pediatra Daniel Becker não apenas acredita que sim, como está prescrevendo viagens para a saúde mental de seus pacientes – preferencialmente de carro e para casas alugadas ou da própria família. “Depois de meses sem escola, sem ver os avós e os amiguinhos, com muita tela e pais sobrecarregados em casa... Muitas crianças estão demonstrando agressividade, birras, grude excessivo, insônia, dores inexplicáveis, medo, tristeza, introspecção”, afirma. “Elas precisam ter contato com a natureza, brincar ao ar livre com outras crianças”. O também pediatra, Daniel Jarovsky concorda que viajar pode valer a pena mesmo neste contexto, desde que mantidas as precauções adequadas: “A decisão cabe a cada família. Mas é importantíssimo reforçar as medidas de segurança, ter a responsabilidade de usar a máscara, evitar aglomerações...”.
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