“Comer demais é ruim para uma criança pequena? Minha filha de 4 anos toma café duas vezes, almoça bem duas vezes, lancha e janta. Como saber qual é o limite?”
Maria Silveira*, via Instagram
Comer demais é ruim para todos. Muitos pais se preocupam que o filho “não come” ou come pouco, talvez até pela cultura de que criança “cheinha” é mais saudável. Mas é preciso ressaltar que o ser humano nasce com um mecanismo de autorregulação da fome. Desde o nascimento e nos primeiros meses de vida, mamamos até nos saciar e paramos naturalmente. Alguns podem até ter um apetite maior, mas, desde o início, nossa tendência é parar na hora certa.
Porém, o que acontece, em muitos casos, é que, com o passar do tempo, até pela ação do adulto sobre os hábitos da criança, pode haver uma interferência nesse mecanismo. Por exemplo, quando a mãe manda a criança “raspar” o prato ou a coloca para comer na frente da TV. Essas atitudes, às vezes tão corriqueiras, podem alterar a percepção do pequeno de reconhecer quando está saciado. Além disso, a capacidade gástrica também varia. Geralmente, uma criança com idade entre 1 e 6 anos, come, em média, 300 gramas por refeição. Mas não se pode rotular.
Minha dica é: fique de olho no desenvolvimento da sua filha, se o peso dela está saudável e sem variações abruptas na curva. Se ela consome “comida de verdade”, com proteínas de qualidade, verduras, cereais integrais, legumes e frutas, pode ser que o seu ritmo de crescimento requeira mais nutrientes.
Por outro lado, se há excesso de doces, frituras e refrigerantes ou sinais de um comportamento compulsivo, às vezes, muito relacionado a ansiedade ou traumas, é de se preocupar. Seja qual for a razão, procure o auxílio de um nutricionista materno-infantil. É ele quem vai avaliar se a criança realmente está comendo demais.
*Nome trocado a pedido da entrevistada
COMO EVITAR EXAGEROS
Dicas para proteger o seu filho da comilança desenfreada
- Reflita se é só a criança ou toda a família que come demais e precisa melhorar
- Não tenha guloseimas e “porcarias comestíveis” em casa
- Nas refeições principais, ofereça um prato de salada como entrada
- Incentive seu filho a comer devagar, pausadamente, a sentir o aroma e a textura da comida
- Mantenha o acompanhamento com o pediatra e o nutricionista materno-infantil
Andreia Friques é nutricionista materno-infantil, mestre em Ciências Farmacêuticas, presidente da Associação Brasileira De Nutrição Materno-Infantil (ABRANMI) e mãe de Miguel, 11, e Davi, 7. É autora de Nutrição Materno-Infantil. Mande sua dúvida para
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