"Eu ainda não sentia o relógio biológico dentro de mim, me dizendo que precisava ser mãe. Quando engravidei [com um mês de namoro], o Marcelo era muito meu amigo, mas não sabia se funcionaríamos como um casal. Descobriríamos que sim na gravidez do Caio. Já a gestação da Marina foi planejada, tudo calculado, principalmente porque eu já queria uma menina. Mas não programamos a Liz.
No parto dela, a médica disse que não poderia fazer a laqueadura. Então, eu falei: ‘Marcelo, você vai ter de operar’. Ficamos tranquilos, vivendo felizes da vida, três anos de sossego. De repente, descobri que estava grávida novamente [a vasectomia recanalizou]. Não sei o que senti na hora! As crianças já estavam grandes, estávamos completamente estruturados. Porém, não senti tristeza. Era gratidão.
Foi então que veio a pandemia. Eu trabalho com fotografia e o Marcelo, com filmagem. Quando entramos em quarentena, pensamos: ‘Estamos com três crianças em casa e uma na barriga, os dois autônomos, sem nenhuma fonte de renda’.
Além disso, tivemos outros problemas. Em uma consulta de pré-natal, a médica disse que eu teria de fazer um tratamento preventivo para a trombose. Eu precisava tomar injeções anticoagulantes, que eram caras.
Após 10 dias, descobrimos que o Vicente tinha uma veia que saía do coração e que deveria ir para o lado esquerdo e foi para o direito. Por isso, ele poderia ter dificuldade para respirar fora da barriga.
Foi outra bomba! Por mais que tivesse toda a fé do mundo, às vezes me perguntava até quando aguentaria. Venci a minha vergonha e fui para as redes sociais pedir as injeções. A mobilização foi muito grande. Consegui todas elas e ainda o enxoval.
Decidimos que não desistiríamos. Toda hora, uma novidade. Mas nós queríamos formar a nossa família, programada ou não.
Cheguei bem no final da gestação. Só com as dores normais nas costas. Fui para mais uma cesárea para tentar fazer a ligadura. No parto, eu estava com medo, tanto da cirurgia e da anestesia como também preocupada com o coração do meu filho. Quando ele nasceu chorando muito, tive a certeza de que estava tudo bem. Era uma felicidade e uma alegria. Acho que foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Respirei aliviada...
O Vicente vai ter acompanhamento médico. Se acontecer alguma coisa, será uma dificuldade respiratória em exercícios físicos, mas para andar, dormir, acordar, ele não vai ter problema algum.
A experiência que as crianças nos trouxeram faz tudo ficar mais leve. Mesmo assim, decidimos fazer eu, a ligadura, e o Marcelo, outra vasectomia. Só assim podemos ter certeza que o Vicente será o último.”
Quer saber mais sobre A história de BIA? esse e outros relatos de parto serão exibidos no programa Boas Vindas, do Canal GNT. EPISÓDIOS REPRISADOS TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, ÀS 23H
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