A advogada norte-americana Bettina Elias Siegel, mãe de um casal de filhos, hoje jovens adultos, se tornou ativista de políticas relacionadas à alimentação com o propósito de melhorar as refeições servidas na cantina da escola em que eles estudavam, em 2010. De lá para cá, seu blog The Lunch Tray (O Bandejão, em inglês) já liderou diversas petições — uma delas, em 2014, foi responsável pela retirada de carne de aves chinesas do cardápio das escolas. No recém-lançado Kid Food: The Challenge of Feeding Children in a Highly Processed World (“Comida de criança: o desafio de alimentar crianças em um mundo altamente processado”, US$ 23,65, na amazon.com), ela conta os frutos e os ensinamentos que colheu nesta trajetória. Confira.
CRESCER: EM 2018, VOCÊ FEZ UMA ENTREVISTA COM CERCA DE 350 PAIS (INCLUINDO ALGUNS AVÓS) PARA ENTENDER O QUE “COMIDA DE CRIANÇA” SIGNIFICAVA PARA ELES. O QUE DESCOBRIU?
Bettina Elias Siegel: Ainda que alguns dos alimentos listados fossem saudáveis, como cenoura baby e purê de maçã, os mais lembrados eram aqueles pouco saudáveis dos menus infantis, tais quais nuggets de frango, pizza e macarrão com queijo. Eles também mencionaram alguns produtos industrializados: cereais matinais açucarados, balas de goma de frutas e salgadinhos.
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C: PARECE, ENTÃO, QUE OS ADULTOS ACREDITAM QUE AS CRIANÇAS
TÊM O PALADAR LIMITADO E SÓ GOSTAM DE BESTEIRAS…
B.E.S.: Todos os bebês nascem com uma aversão a sabores amargos, o que desaparece
com o tempo e, às vezes, fazem caretas em resposta a novos alimentos. Somado a isso, espera-se que os pequenos entre 1 e 3 anos passem por um período em que ficam menos propensos a experimentar coisas diferentes, chamado de neofobia alimentar. Quando unimos esses fatores, é fácil entender por que os pais assumem naturalmente que têm um filho “seletivo”, que “simplesmente não gosta” de nada saudável. Mas também há outras razões. Algumas famílias oferecem alimentos ultraprocessados às crianças por preferir o caminho mais fácil e, claro, porque esse tipo de comida é mais barato e simples de preparar.
C: UMA DAS CRÍTICAS QUE VOCÊ FAZ NO LIVRO DIZ RESPEITO AO HÁBITO
DE DARMOS DOCES COMO PREMIAÇÃO AOS PEQUENOS. POR QUÊ?
B.E.S.: Há dois problemas. O primeiro é o doce por si só. Mesmo que seja pequeno, hoje as crianças já tendem a comer alimentos açucarados demais no dia a dia. Além disso, quando elas são recompensadas com comidas não saudáveis, a lição que aprendem é que comer por razões emocionais é normal.
C: VOCÊ DEDICA UM CAPÍTULO INTEIRO À OBESIDADE INFANTIL. PODE
CONTAR ALGUMAS DAS SUGESTÕES QUE FAZ NO LIVRO?
B.E.S.: Não sou profissional de saúde, então, não ofereço dicas para prevenir ou reduzir o problema. Mas, de fato, discuto estudos que mostram que as abordagens em relação ao peso da criança devem ser realizadas com cuidado de modo a evitar estigmas, e que eles devem focar não apenas no peso isoladamente, como na saúde e nos hábitos em geral. Se os pais estão preocupados com isso, o ideal é que busquem ajuda de pediatras e nutricionistas.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/noticia/2020/02/o-que-e-comida-de-crianca-para-voce.html