Amo Carnaval. Desde pequeno, tive a oportunidade de frequentar essa festa, pois minha família, na Bahia, morava perto dos circuitos dos trios elétricos. Era um momento de encantamento para mim. Na minha adolescência, aquilo passou a me parecer um pouco perigoso também, porque a multidão que se aglomera, às vezes, perde o limite.
Quando criança, encontrei nesse espaço uma vibração que não reconhecia em outros momentos no mundo. Enxergava a rua com menos inocência e via os artistas oferecendo suas expressões naquele instante: os blocos afro, os artistas que eu só via de longe pela televisão e, principalmente, as canções. Na minha geração, esse era um momento onde a história do mundo servia de inspiração para músicas. Qual baiano da minha época não se lembra de Faraó, música cantada pelo Olodum?
Agora, com filhos, tenho muita vontade de que eles experimentem isso. Fomos a vários bloquinhos infantis e sempre tentamos ver qual percepção eles tinham desse momento.
Hoje, tenho resgatado uma tradição que minha tia-avó fazia comigo todos os anos. Na Bahia, assistíamos às escolas de samba, e assim busco fazer com as minhas crianças.
Não só pela festa, mas também pelos conteúdos que ali estão. Em vários momentos, podemos conversar sobre a história durante o Carnaval. A história do nosso país, a história de um povo. Histórias de luta, provocações... E os assuntos que surgem daí
sempre são muito ricos.
Como o Carnaval é importante para a nossa formação cultural! É interessante ressaltar esse valor. É importante lembrar dos sambas da Mangueira, dos conteúdos dos últimos anos. É lindo resgatar a história da Portela. Falar sobre as cores da Beija Flor, Salgueiro, Viradouro, Imperatriz, Tijuca… Lembrar que, por trás daquilo tudo, tem muito trabalho de comunidades, que passam meses costurando as fantasias e que inclusive, muitas vezes, não têm a oportunidade de estar em destaque. Quando se está no destaque, também é importante conversar e mostrar que esse é um momento que muita gente espera durante um ano inteiro para ser visto, aplaudido, para celebrar e esquecer por alguns momentos as agruras do dia a dia para começar o ano.
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No Carnaval também há vida. É um momento de aprendizado e celebração. É sempre possível fazer costuras com a vida em aprendermos quando damos a devida atenção aos verdadeiros valores dessa festa. Carnaval é um patrimônio que devemos celebrar, valorizar e investir. Não percamos isso de vista. Ah! E é claro que tem incoerências. E sobre elas, fiquemos sempre atentos, para que não se perpetue, no meio do Carnaval, um sistema de exclusão. Boa folia para vocês!
LÁZARO RAMOS É ATOR, APRESENTADOR, DIRETOR E ESCRITOR, CASADO COM A ATRIZ TAÍS ARAÚJO E PAI DE JOÃO VICENTE, 7 ANOS, E MARIA ANTÔNIA, 4
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Lazaro-Ramos-Em-construcao/noticia/2020/02/lazaro-confete-serpentina-e-aprendizado.html