Friday, January 3, 2020

Otite externa X Otite média aguda

 

Otite externa x otite média aguda (Foto: Getty Images)

 

 


Apesar de a incidência de otite externa ser maior no verão, os pequenos estão sujeitos a sofrer com o mal o ano todo. É que, além desse tipo, existem outros. O mais comum é chamado de otite média aguda, que tem esse nome pela sua localização na orelha (veja imagem na página ao lado). Ele está relacionado a doenças respiratórias típicas do inverno. Pense em resfriados, gripes, nariz congestionado e com acúmulo de secreção. Esse é o cenário mais propício para a evolução de uma otite média aguda, que é diferente da otite externa. Enquanto essa última é uma infecção no canal, a média é uma infecção na orelha média, que fica atrás do tímpano. Pode ser causada por vírus ou bactéria. “Geralmente, faz parte do quadro de infecção nas vias aéreas superiores. Existe uma comunicação entre a parte mais posterior do nariz (rinofaringe) e a orelha média, chamada tuba auditiva. Assim, uma infecção nas vias aéreas caminha pela tuba até a orelha, gerando uma otite média”, explica o otorrino Tsuji.

CF312-OTITE-SAUDE- (Foto: Getty Images)

 

Segundo o Guideline IVAS (Infecção das Vias Aéreas Superiores), da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, estima-se que aproximadamente 66% das crianças apresentarão pelo menos um episódio de otite média com 1 ano, e cerca de 90% delas, até os 7 anos. Mais: até os 7 anos, 75% dos pequenos terão apresentado três ou mais episódios.

De acordo com Tsuji, há duas fases de pico de otite média nas crianças.  “A primeira ocorre entre os 6 e os 24 meses, devido à imaturidade do sistema imunológico, e a segunda é comum entre 4 e 5 anos, e tem relação com a maior exposição a outras crianças doentes. Após esse período, o fortalecimento imunológico e o crescimento da tuba auditiva previnem novas infecções”, esclarece o otorrino. Um dado publicado no ano passado na APP News, revista oficial da Academia Americana de Pediatria, diz que otite média aguda afeta cerca de 25% das crianças no primeiro ano de vida, e pelo menos 60% das crianças aos 5 anos.

O pequeno Davi Gomes Portes, 4, faz parte dessa turma que sofre com episódios sucessivos. “Meu filho tem otite toda vez que pega uma gripe forte”, conta a mãe, a analista de RH Gisele Gomes da Cruz Portes, 36. A primeira vez aconteceu quando o menino tinha 1 ano. “Ele chorava e gritava e eu não sabia o que era. Levei à pediatra e ela diagnosticou a otite. No ano seguinte, o Davi estava com 2 anos, já sabia falar bem e soube expressar onde estava sentindo dor. Hoje, ele tem noção de que, quando o ouvido dói, precisa tomar remédio”, diz.

Principais vítimas
As crianças são muito mais suscetíveis a otites médias do que os adultos, e o pediatra Thiago Caldi de Carvalho (SP) explica por quê: “A tuba auditiva da criança é mais horizontalizada, com mais ou menos 10 graus de inclinação. Além disso, tem menor extensão em relação à do adulto. Isso facilita o refluxo do material nasal para essa região, aumentando o risco de infecção. No adulto, a inclinação chega a quase 45 graus, fica parecendo uma rampa. E é por isso que a secreção não consegue chegar facilmente ao ouvido”, conclui.

Os principais sintomas da otite média aguda são dor de ouvido, febre alta persistente e, geralmente, tudo isso é acompanhado de um quadro gripal. Outro sintoma menos comum, mas que pode ocorrer, é a sensação de ouvido tampado. “Em crianças pequenas e bebês, que não conseguem explicar o que incomoda, a irritabilidade é um sinal importante. Desconfie se o bebê fica puxando a orelha, esfrega o rosto, não consegue mamar direito”, diz Caldi. O pediatra alerta que a criança pode ter menos apetite e ficar com o sono mais agitado.

Em alguns casos, pode sair uma secreção do ouvido. Em outros, o equilíbrio pode ser afetado, porque o ouvido faz parte de um órgão chamado labirinto, que tem função de audição e equilíbrio. A otite média pode gerar inflamação nessa área e provocar vertigem e desequilíbrio – a conhecida labirintite.

Por último, também pode ocorrer até perda auditiva temporária, dependendo do acúmulo de secreção. A advogada Adriana Dallanora, 41, tomou um susto quando, em 2017, o pequeno Luca, que estava com 2 anos, foi diagnosticado com otite. “Era final de junho, quase início das férias e fazia frio. Em um dos muitos resfriados que teve, acumulou secreção no nariz e chegou a inflamar os ouvidos. Fiquei em pânico quando a pediatra disse que havia até perfurado o tímpano. Naquele instante, pensei que não pudesse regenerar e que a audição seria afetada. A médica me acalmou, dizendo que isso era passageiro. Depois do tratamento com antibiótico via oral e remédio em gotas no ouvido, deu tudo certo”, lembra.

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É importante ressaltar que, diante de qualquer suspeita da doença, a melhor decisão é levar o pequeno ao pediatra. “A otite média aguda é diagnosticada pelo exame físico, chamado otoscopia. Exames complementares com imitanciometria – que joga pressão na orelha – podem ajudar em casos de dúvida. Outros de imagem, como tomografia e ressonância magnética são muitos precisos na otite média, mas desnecessários, porque colocam as crianças em risco, devido à radiação e à necessidade de anestesia geral”, observa Tsuji.

CF312-OTITE-SAUDE- (Foto: Getty Images)

 

Risco silencioso
Mesmo depois que a infecção estiver debelada, fique atento, já que poderá restar secreção na orelha média, o que prejudica a audição. Segundo o Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria, um estudo clássico da década de 80 mostrou que 70% das crianças permaneciam com secreção na orelha média após duas semanas do início da otite média aguda, 40%, depois de um mês, 20%, após dois meses e 10% após três meses.

A persistência de fluido pode caracterizar otite média secretora. “Muitas vezes, ela surge como consequência de uma otite média aguda. Como não é dolorosa, pode passar despercebida. Esse é o problema: a criança corre o risco de ficar com deficiência auditiva, que atrapalha o desenvolvimento da linguagem ou da atenção”, alerta a otorrino Luci Hidal. “Ela deverá ser observada até que o fluido desapareça. Pode levar até três meses para o corpo expelir toda a secreção acumulada”, diz. Portanto, é preciso acompanhamento.

Também é bem importante fazer uma avaliação médica se houver desconfiança de que a criança tenha déficit de audição ou de atenção, ou apresentar problemas com a linguagem, como troca de fonemas.

Segundo a médica, alguns sinais a considerar são o pequeno reclamar de desconforto na orelha mesmo sem apresentar febre, ter alteração do equilíbrio, brincar com tablet muito perto do rosto (o que pode indicar um déficit de audição), demonstrar dificuldade para ser alfabetizado, trocar constantemente os fonemas... Nesses casos, recomenda-se exames de audição, como a audiometria e a impedanciometria, que avalia a membrana timpânica e os ossículos, chamados martelo, bigorna e estribo, da região do ouvido médio. Tudo para tirar a cisma e manter a saúde do ouvido do seu filho sempre em ordem.

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Crescer-no-Instagram/noticia/2020/01/otite-externa-x-otite-media-aguda.html

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