À s vezes, dizem para os pais de primeira viagem que, uma vez que uma decisão foi tomada, não se deve ceder nunca diante das crianças, porque isso seria perder a autoridade. É uma grande mentira.
Seu filho de 3 anos pede uma bala. Você decide se dá ou não dá. Você toma sua decisão com base em vários critérios: se o pequeno já comeu muitas balas, se está com cáries, se é diabético… E, sobretudo, se você é a favor ou contra as balas. Outros pais, ao contrário, podem pensar (erroneamente, acredito eu) que as balas não causam nenhum dano, e dão aos seus filhos esse tipo de doce todos os dias, sem nem esperar a criança pedir.
Isso quer dizer que, na verdade, não existem critérios objetivos, racionais e universais para dizer “sim” ou “não” a uma criança que pede uma bala, um sorvete, para dormir mais tarde, para ver televisão, para ir à casa de um amigo… Nós, pais, vamos dizer, em cada caso, o que quisermos.
Com um pouco de habilidade e diplomacia, costumamos ganhar. É fácil distrair uma criança. Provavelmente ele só vai protestar um pouquinho e, dentro de poucos minutos, voltará a brincar tranquilamente.
Mas, algum dia, pode ser que nosso filho encare muito mal a negativa. Pode ser que tenha uma tremenda crise de birra, que se jogue no chão, chorando e se debatendo, por dez, vinte minutos, pedindo o doce. E, então, podemos cogitar a possibilidade de ceder. Nem sempre, é claro. Mas, se a criança tem uma crise de birra porque estava brincando com uma faca e nós a tiramos dela, jamais daremos o objeto de volta. Por mais que chore. E se acaba de comer oito balas, não daremos a nona. Mas, e se for a primeira bala do dia, da semana? É tão terrível assim, uma simples bala?
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Não é necessário esperar meia hora; em dois ou três minutos, quando vemos que o ataque de birra é dos grandes, você pode abrir mão a tempo. Tampouco é necessário gritar: “Toma aqui a maldita bala e você vai ver só, quando caírem seus dentes. Você é um malcriado e um chorão!”. Mas podemos ceder com elegância: “Bom, se você está com tanta vontade, pode comer uma bala, mas só uma. E depois vá direto escovar os dentes”.
Você não perde a autoridade, você ganha. Porque seu filho agora sabe que você não é um tirano implacável. E se, em alguns anos, quando o assunto for outro, você não ceder, se disser a ele de uma maneira rígida que não consuma álcool, que não use drogas ou que não ande de moto sem capacete, seu filho poderá pensar que talvez isso seja importante e que, nesse caso, quando os pais não cedem, pode ser que tenham razão.
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