Basta olhar para os lados em qualquer restaurante para perceber que, frequentemente, as crianças estão entretidas com tablets, celulares ou, no mínimo, desenhando e brincando com algum tipo de jogo. Não é a toa que muitos até investem na criação de ambientes "kids" para as crianças brincarem enquanto os pais conversam.
No entanto, estabelecimentos do mundo inteiro estão aderindo a uma nova tendência: a proibição dos eletrônicos. Um deles, na Austrália, exige que os clientes entreguem seus telefones já na entrada para impedir que passem boa parte do tempo conectados. Já uma rede do Reino Unido pede aos fregueses que coloquem seus aparelhos dentro de uma caixa em uma área batizada de "zona sem telefone". Outro, ainda oferece um copo de vinho cortesia para quem deixar o celular em casa.
Mas em Sydney, na Austrália, um restaurante foi ainda mais longe e resolveu banir também livros para colorir, jogos de tabuleiro e blocos de construção. O Pazar Food Collective, de fusão turco-mexicano em Canterbury, quer que os pais "se envolvam com seus filhos" e que as famílias "se envolvam com a comida e a experiência".
O proprietário, Attila Yilmaz, explica que a decisão foi tomada depois que alguns clientes fizeram uma bagunça com guardanapos. "É muito perturbador para todos nós. Não houve, 'Oh, desculpe por isso', os pais apenas riram e disseram que são apenas crianças", conta ele ao Herald. "É uma expectativa que estamos lá para limpar essa bagunça, e estamos em certa medida, mas há também uma coisa chamada decência humana e respeito", explica.
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Ainda segundo Attila, a proibição se aplica tanto a adultos quanto a crianças. "O uso razoável de sua câmera para capturar memórias será aceito e não desestimulado, desde que não interfira com a experiência de jantar dos outros", diz ele. Em um esforço para continuar a fazer as famílias se sentirem bem-vindas, o restaurante está planejando oferecer um jantar gratuito para crianças de até cinco anos. "Há horário e lugar para tudo. As pessoas costumam ficar chateadas quando pedimos que as crianças fiquem sentadas, mas queremos elas no restaurante e amamos seus filhos; não tanto quanto você", brinca.
Proibição polêmica
No entanto, a iniciativa tem dividido opiniões. "Eu acho que se o dono quer que as crianças se envolvam com a comida, elas devem interagir com o processo de cozimento e não apenas esperar que as crianças se sentem e não façam nada enquanto esperam", critica a fundadora do grupo comunitário Inner West Mums e mãe de dois filhos, Anita Vitanova.
"Vai depender da idade. Banir livros para colorir para crianças é um pouco extremo, já que a atenção deles não é a maior nessa idade", diz outra mãe, Jade Laing. Mas outras, como Gerogina Sierra, concorda: "Estou tentando limitar o máximo possível a exposição dos meus filhos as telas antes de ir para a escola. Vai ser barulhento, mas todo mundo vai gostar da experiência, como antes dos telefones celulares existirem", diz.
Attila, que tem dois filhos, completa: "Meus filhos sempre dizem não aos livros para colorir quando o garçom vem e pergunta, e nunca usamos dispositivos quando saímos. Eles preferem sentar lá e falar sobre a comida".
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