Carnaval é sinônimo de festa, música e, claro, de brilho. As crianças amam glitter e é comum que queiram usar o produto para aproveitar a folia. Mas será que pode? Com algumas recomendações, sim. Listamos os cuidados:
1. Para os menores de 3 anos, o jeito é esperar um pouco mais, já que, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), maquiagens em geral só podem ser utilizadas a partir dessa idade (confira as cartilhas de recomendação para cosméticos infantis e consumo e saúde). Essa recomendação acontece devido ao alto nível de irritabilidade e sensibilização na pele dos bebês. Dos 3 aos 5 anos, a maquiagem deve ser aplicada exclusivamente por um adulto.
2. Escolha versões de glitter e maquiagem específicas para crianças, que sejam leves e sem metais pesados, como chumbo e mercúrio.
3. O glitter deve ser de fácil remoção, para prevenir futuras irritações na pele da criança. Informações relacionadas a isso devem estar no rótulo da embalagem do produto. A composição dever ser sempre a mais simples possível, preferencialmente sendo à base de água.
4. É importante procurar produtos que contem com a certificação de qualidade oferecida por entidades brasileiras. Os de procedência desconhecida devem ser evitados. A informação costuma constar na embalagem.
E o meio ambiente?
Apesar de ser considerado um elemento essencial no Carnaval, o glitter é um dos inimigos do meio ambiente. Isso porque é feito com os chamados microplásticos (1 a 5 mm) que, por serem muito pequenos, não são filtrados no tratamento de água e acabam sendo despejados no mar. "Além de polímeros, o glitter pode ter compostos como alumínio, ferro e outros tipos de materiais para dar o tom metálico. Juntos, além de serem individualmente tóxicos, eles podem absorver outros poluentes orgânicos persistentes (POPs), que são pesticidas e químicos industriais nocivos, que permanecem no ambiente por muitos anos", explica Thaiane Santos, mestre em Oceanografia (UFPE) e integrante do Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossitemas Costeiros e Estuarinos (LEGECE - UFPE). A chance de entrarem na cadeia alimentar de peixes e de outro animais marinhos é alta, consequentemente chegando ao ser humano, por meio do consumo de peixes, mexilhões ou ostras na alimentação.
Para que o glitter não vá diretamente para o ralo, uma dica é limpar a pele, retirando o material com algodão ou lenço umidecido, utilizando demaquilante ou óleo. O ideal é que os materiais, então, sejam devidamente descartados. Outra opção é colocar uma touca de pano no ralo do banheiro, impedindo que as micropartículas entrem pela tubulação quando forem levadas pela água.
Alternativas ecológicas
É possível ainda substituir o glitter convencional por materiais ecologicamente corretos, como o glitter biodegradável, que é brilhante graças ao pó de mica, um composto que pode ser tanto sintético quanto vindo da natureza, em forma de mineral. "O mais importante é não usar ou, então, buscar formas alternativas, como o glitter biodegradável, que é uma opção válida sim, tanto para a saúde quanto para o meio ambiente", afirma Thaiane.
O glitter biodegradável já é produzido por diversas empresas no Brasil, com opções metalizadas e brilhantes ou opacas. Essa última, inclusive, pode ser feita em casa com o uso de papel, material que se decompõe rapidamente.
"Outro ponto importante é que o glitter é muito lembrado, principalmente na época de carnaval, mas outras formas de microplásticos estão presentes no dia-a-dia e podem ser tão prejudicais quanto ele para o ambiente, como é o caso de cosméticos que contém microesferas feitas de plásticos, como muitos esfoliantes, que também podem chegar aos oceanos", ressalta. "Assim, é essencial ter consciência do tipo de produto que estamos consumindo, com responsabalidade ambiental e com a nossa própria saúde".
Fontes: Vânia Gato Medeiros, pediatra e neonatologista da Lumos Cultural (SP). Cartilha da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre maquiagem infantil (aqui e aqui).
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