Torben, 1 e 7 meses, veio ao Brasil com a mãe, Jodie Manners, 32, e o pai, Yohann, 25, com o intuito de visitar parentes. Como planejavam ficar seis meses, a família, que mora em Brighton, no Reino Unido, matriculou o pequeno em um berçário de Belo Horizonte, Minas Gerais. No entanto, há pouco menos de um mês, em momento de descuido, a criança teria entrado em contato com um pote de supercola. "Quando recebemos uma ligação do berçário, ficamos preocupados, mas não sentimos medo. Esperávamos que a cola tivesse endurecido pelo corpo, mas tudo isso é corrigível. Nada poderia ter nos preparado para o que vimos quando chegamos à emergência. Torben foi coberto por queimaduras de 2º e 3º graus. Estavam por todo o peito, braço esquerdo e ombro esquerdo. E para piorar as coisas, ele estava sofrendo uma reação alérgica aos produtos químicos na cola, causando-lhe intensa dor e coceira, além de dificultar a respiração. Nosso bebê estava perturbado", escreveu a mãe em uma página do Go Fund Me, criado por ela para arrecadação de fundos.
"As crianças confiam em nós para mantê-las seguras. E seu berçário, de todos os lugares, não conseguiu fazer isso. Eles o deixaram sem vigilância com um grande recipiente de cola. Como a maioria dos bebês, ele é curioso. Então ele pegou o recipiente e o puxou por cima. Mas esse não era à base de água — o PVA usado pela maioria dos berçários —, era super cola e, ao atingir suas roupas de algodão, desencadeou uma reação química que superaqueceu em milissegundos e queimou através de sua pele, deixando-o com extensas queimaduras de terceiro grau", disse. "A gravidade do que aconteceu foi uma realização realmente gradual. Não tínhamos idéia sobre essa reação química que acontece. Ninguém realmente tinha respostas — ninguém poderia explicar por que ele foi queimado com cola", disse Jodie.
RETORNO AO REINO UNIDO
"Mesmo depois que a cola foi removida, ela continuou queimando-o por dias, aumentando a profundidade e a gravidade de suas feridas. Só posso imaginar quanta dor ele sentiu durante esses momentos. Torben precisa de mais de um ano de cuidados. Ele precisará de enxertos de pele, cuidados com feridas, ataduras de compressão personalizadas, fisioterapia, psicoterapia e muito mais, se quiser manter o uso total do braço e se recuperar do trauma deste incidente. É muito para os 19 meses de idade", disse.
"Embora tivéssemos planejado ficar no Brasil até março (como parte de uma visita de seis meses para apresentá-lo à sua família brasileira e viver de forma barata para pagar nossas dívidas), precisamos pensar no futuro dele. A última coisa que queremos é que ele fique sobrecarregado por extensas cicatrizes, trauma emocional e movimentos articulares restritos pelo resto de sua vida. Ele merece o melhor atendimento que podemos dar a ele. E isso é na Escócia, no Royal Hospital for Sick Children e em um lar amoroso com sua avó, onde todos podemos nos sentir apoiados. Queremos levá-lo para casa. Mas, recuperá-lo vai custar muito dinheiro", explicou.
A mãe conta que a família recebeu cotações entre 6 mil e 10 mil libras para uma escolta médica para acompanhá-los ao Reino Unido. "Muita coisa pode dar errado em um dia com um bebê doente. Especialmente um com várias alergias e feridas frescas, mas temos que fazê-lo funcionar", afirmou. Torben passou por uma cirurgia de enxerto de pele no dia 27 de dezembro e estará estável o suficiente para se mudar a partir da próxima semana. "Nosso único objetivo é levá-lo para casa a tempo de receber o tipo de atendimento que minimizará a incapacidade a longo prazo", disse a mãe.
Abaixo, a mãe, Jodie, compartilha a rotina com o filho nas redes sociais.
OS CULPADOS
Os pais não informaram os nomes da creche ou do hospital onde Torben recebeu tratamento. No entanto, através do Go Fund Me, a mãe afirmou que a família pretende apresentar queixa contra os responsáveis pelo sofrimento do menino. "Sua escola, que causou toda essa bagunça, deixando-o sem supervisão com super cola. O primeiro hospital em que ele foi tratado, o que lhe deu cuidados inadequados, incluindo derramar refrigerante nas feridas abertas, na tentativa de remover a cola. E o fabricante da cola, que não forneceu um aviso sobre a reação exotérmica que ela causa ao entrar em contato com o algodão", finalizou.
Nossa equipe de reportagem continua está tentando entrar em contato com os pais de Torben, que estão no Brasil. Por causa disso, essa reportagem pode sofrer alterações a qualquer momento.
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