Acostumadas com a rapidez da tecnologia, parece que as novas gerações tem cada vez menos paciência. Mas só parece. Um novo estudo da Universidade de Minnesota mostrou que, na verdade, os pequenos conseguem aguardar mais tempo por um prêmio do que as crianças dos anos 60.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores replicaram o famoso teste do marshmallow, criado na Universidade de Stanford. Nele, os cientistas colocam um doce na frente de crianças de três a cinco anos e dão duas opções: elas podem comer a guloseima imediatamente ou esperar e ganhar duas.
As crianças então ficam sozinhas em uma sala, enquanto os pesquisadores observam suas ações através de um espelho semitransparente. Ele permite que os adultos vejam o que acontece na sala, mas os pequenos só enxergam o próprio reflexo.
Nos anos 60, a maioria das crianças comeu o doce em vez de esperar pela recompensa dupla. O time da Universidade de Minnesota comparou esses resultados com os obtidos em 1980 e nos anos 2000, com o mesmo experimento.
Nos anos 2000, as crianças conseguiram esperar em média dois minutos a mais do que nos anos 60, e um minuto a mais do que a média dos anos 80. Alguns pequenos em 2000 conseguiram esperar por um tempo maior do que 10 minutos. Essa capacidade de aguardar por gratificação na primeira infância está ligada a resultados positivos na vida adulta como maior competência acadêmica, peso mais saudável, habilidade de lidar com o estresse, relacionamentos positivos com colegas e responsabilidade social.
Os pesquisadores afirmam que não houve nenhuma mudança na metodologia e que foram escolhidos grupos de crianças com mesmo perfil de idade, gênero e status socioeconômico nos três experimentos. Os cientistas também se preocuparam em não permitir crianças que tomavam medicamentos para déficit de atenção nos anos 2000.
Então o que explica a capacidade maior de esperar das crianças dos anos 2000? Para os pesquisadores, o ensino escolar infantil é um dos principais responsáveis por esse aumento de habilidade. Em 1968, apenas 15,7% das crianças entre três e quatro anos frequentavam a escola nos Estados Unidos, comparado com 50% nos anos 2000. Eles também apontam que a tecnologia digital está ligada a capacidade de pensamento abstrato o que também contribui com a capacidade de adiar a gratificação.
Os resultados são opostos às expectativas encontradas em um questionário feito pelos mesmos pesquisadores. Dos 358 adultos americanos que participaram, 72% deles afirmou que não acreditava que as crianças de hoje em dia esperariam tanto quando as dos anos 60 e 75% disseram que os pequenos hoje em dia tem menos autocontrole do que os dos anos 60. “Nossas descobertas servem como um exemplo de como nossa intuição pode estar errada e como é importante fazer pesquisas”, disse em nota Yuichi Shoda, um dos co-autores da pesquisa.
Assista a um teste do marshmallow disponível no Youtube::
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2018/07/criancas-de-hoje-conseguem-esperar-mais-por-um-premio-do-que-dos-anos-60.html