O risco de as mulheres sofrerem um ataque cardíaco durante a gravidez, o parto ou o puerpério aumentou 25% entre 2002 e 2014, de acordo com um estudo publicado na última semana (18) no periódico Mayo Clinics Proceedings. Os pesquisadores coletaram dados de mais de 55 milhões de nascimentos ocorridos em hospitais dos Estados Unidos e descobriram que, ao longo dos 13 anos de pesquisa, 4.373 mulheres foram hospitalizadas por um ataque cardíaco - também chamado de infarto do miocárdio - durante a gestação, o parto ou logo após o nascimento do bebê.
Segundo os pesquisadores, a explicação para esse aumento pode estar na idade em que as mulheres escolhem engravidar. Hoje, a tendência é de que elas esperem mais tempo para ter filhos e, consequentemente, engravidem cada vez mais velhas. O estudo mostrou que aquelas que tinham entre 35 e 39 anos apresentavam cinco vezes mais chances de sofrer um ataque cardíaco do que as de 20, por exemplo. Quando completam 40 anos, os riscos ainda são 10 vezes maiores.
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“Embora ainda precise de mais esclarecimentos, esse resultado provavelmente está muito relacionado ao estilo de vida que temos hoje. O estresse do dia a dia, a má alimentação, o sedentarismo, a obesidade, o tabagismo e a falta de diagnóstico precoce trazem um risco aumentado para essas mulheres, já que na gravidez o coração trabalha de forma mais intensa”, explica o cardiologista Paulo Chaccur, diretor da seção médica de cirurgia cardiovascular do Instituto Dante Pazzanese (SP). Segundo ele, o estudo serve como um alerta para que as mulheres mantenham uma boa qualidade de vida e façam acompanhamento com o cardiologista ainda na fase de planejamento da gravidez. “Se a mulher apresentar alguma cardiopatia, a gestação pode ser uma situação de risco tanto para ela quanto para o bebê. Por isso, fazer uma avaliação cardiológica é fundamental para saber se a paciente poderá engravidar ou se terá algum problema ou descompensação durante a gravidez”, explica.
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Foi isso que fez a professora Carolina Meirelles, de 37 anos. Aos 26, ela descobriu que estava com uma válvula do coração praticamente comprometida e teve de fazer duas cirurgias para implantar uma prótese. Sabendo dos riscos que seu quadro, aos 33, ela decidiu procurar o cardiologista para saber se poderia engravidar. “Num primeiro momento o médico disse que eu não. As próteses que eu tinha eram inadequadas para uma gravidez e, para ter uma gestação segura, eu precisaria trocá-las. Depois de seis meses, encarei outra cirurgia. Um ano e meio depois da primeira consulta, descobri que estava grávida”, conta. Graças ao acompanhamento com o cardiologista, Carolina conseguir ter uma gestação saudável e sem intercorrências. “Foi a melhor fase da minha vida. Amei todo o processo, o barrigão... Engordei quase 20 quilos. Eu saía de casa para passear, caminhar na praia e fazer meditação. Foi uma delícia. Surfei até o sexto mês”.
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