Recebo muitas mensagens perguntando sobre minha teoria de, ocasionalmente, separar meus filhos para atividades individuais, como costumo mostrar no Instagram. Essa prática começou como a maioria das boas ideias: a partir de uma necessidade.
Doninha e Tefo, meus dois menores, nasceram em uma casa onde já existia uma criança, o Romeo. Durante alguns anos, já com a família completa, toda a nossa programação era voltada para as vontades e os desejos específicos do mais velho. Até que amadurecessem e tivessem discernimento para reclamar e escolher outra atividade, a do meio e o caçula iam junto, felizes!
Na real, isso é comum. Afinal, o mais novo vai sempre no embalo do primogênito. Quem nunca colocou o caçula nas mesmas atividades que o mais velho, até por conta da praticidade? Afinal, não é fácil o deslocamento numa grande cidade como São Paulo, por exemplo. Então, não dá para colocar o menor para fazer aula de música em outro bairro, no mesmo dia em que o maior já vai no futebol há anos.
Em grande parte das vezes, o menor acaba sem saber sua verdadeira vocação. Por admiração, quer fazer o que o mais velho faz. Eu sou um exemplo disso! Sempre fiz as mesmas atividades que meu irmão fazia. Com isso, me sentia mais próximo dele. Até tinha opção de praticar outro esporte, pois frequentávamos um clube com grande variedade, mas escolhi o basquete, que era o que ele jogava.
Não sei se isso foi por acaso ou se aconteceu para comprovar minha teoria, mas, a primeira atividade que fiz por minha conta, baseada num talento instintivo que sempre tive e que não tinha nada a ver com meu irmão, tornou-se a mais importante da minha vida: o teatro.
Que sacanagem é para o menor quase sempre ter de seguir os passos do mais velho. Está certo que, geralmente, é aquela questão da organização familiar, já que não é todo mundo que consegue ter dois ou mais motoristas (pai, mãe, avós disponíveis) para levar cada um para um canto da cidade. Aliás, alguém tem?
Com o passar dos anos, quando as personalidades começam a se distinguir e a ficar dominantes, é muito importante não criarmos “mais um tijolo na parede”! Crianças precisam existir e não apenas seguir padrões. É muito triste encontrar um adulto infeliz no trabalho e na vida pessoal porque não desenvolveu sua própria personalidade ao longo da infância.
Foi buscando descobrir e respeitar a individualidade dos três que comecei os passeios individuais, dando a oportunidade de cada um deles ser filho único por um momento, com toda a minha atenção, sem ter de dividir com ninguém ou ter de aceitar atividades em nome dos irmãos. São nesses momentos, toda semana, que conheço realmente a essência de cada um. Recomendo.
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