Tuesday, December 22, 2020

Pela primeira vez, estudo encontra partículas de microplástico em placenta humana

Imagem ilustrativa de placenta logo após o parto, em preto e branco (Foto: Nathália Armendro/Crescer)

 

Um estudo conduzido por pesquisadores italianos, e publicado no início deste mês na revista Environment International, encontrou resquícios de microplástico em placentas humanas. A descoberta é inédita.

Segundo o artigo, microplásticos são partículas menores que cinco milímetros decorrentes da degradação de objetos plásticos presentes no ambiente. Os microplásticos podem se mover do ambiente para os organismos vivos por meio da alimentação ou respiração.

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Ainda de acordo com a pesquisa, os microplásticos foram encontrados em todas as porções placentárias, tanto nas membranas maternas quanto fetais - a placenta é um órgão que se desenvolve durante a gestação, responsável por facilitar a troca de nutrientes e outras substâncias entre mãe e bebê.

Em quatro das seis placentas analisadas foram encontrados fragmentos microplásticos, de cerca de 0,01 mm cada, e todos eram pigmentados. Apenas uma pequena fração de cada placenta foi analisada, o que sugere que o número real de fragmentos pode ser muito maior.  As mulheres que participaram do estudo não tiveram problemas durante a gravidez e seus bebês nasceram saudáveis.

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Os efeitos da presença de microplásticos no organismo ainda são desconhecidos, mas os pesquisadores temem que os produtos químicos presentes no plástico possam causar danos ou alterar o desenvolvimento do feto, já que os microplásticos carregam substâncias que atuam como desreguladores endócrinos - o que pode causar efeitos a longo prazo na saúde humana.

“É como ter um bebê ciborgue: não mais composto apenas de células humanas, mas uma mistura de entidades biológicas e inorgânicas”, diz Antonio Ragusa, diretor de obstetrícia e ginecologia do hospital San Giovanni Calibita Fatebenefratelli em Roma, que liderou o estudo, em entrevista divulgada pelo The Guardian.

Andrew Shennan, professor de obstetrícia do King's College London, disse ao Daily Mail que é reconfortante que os bebês do estudo tenham nascido saudáveis, mas “é obviamente preferível não ter corpos estranhos presentes enquanto o bebê está se desenvolvendo”.

 



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