Sunday, December 20, 2020

Mulheres se veem forçadas a escolher entre continuar amamentando ou tomar a vacina contra covid-19

Mãe amamentando filho (Foto: Getty Images)

 

Continuar amamentando e oferecendo ao seu filho o melhor alimento e a melhor defesa que seu pequeno organismo pode ter, não apenas contra o coronavírus, mas várias outras doenças, ou parar de amamentar e se imunizar contra a covid-19? De acordo com grupos de trabalhadores da saúde, esta é a escolha que muitas mulheres têm sido obrigadas a fazer, diante das recomendações dos órgãos oficiais no Reino Unido. 

 

Órgãos reguladores, governo e o NHS (National Health System) aconselham às mães que amamentem que aguardem para tomar a vacina. "Não há evidência de que não é seguro tomar a vacina se você estiver grávida ou amamentando. Mas mais evidências são necessárias antes que a vacina possa ser oferecida a você", dizem as recomendações. 

De acordo com o The Guardian, no entanto, isso pode afetar cerca de 20 mil mulheres que trabalham na linha de frente contra a covid-19 no país. Cerca de 46% das mães na Inglaterra amamentavam bebês de 6 a 8 semanas, em 2018/19. 

Grupos em defesa da amamentação argumentam que os órgãos reguladores e o governo deveriam rever as recomendações, de modo a acolher as mães e fazer com que elas possam tomar decisões com base em todas as informações disponíveis sobre o assunto. "Não há evidência de que a vacina seja prejudicial a mães que amamentam ou a seus filhos. Negar às mulheres a oportunidade de serem protegias ou, como altternativa, forçá-las a perderem os impactos de saúde da amamentação para elas e seus filhos, é outro exemplo de como as mulheres foram desproporcionalmente afetas pela covid-19", diz a médica Vicky Thomas, do Hospital Infant Feeding Network (HIFN). 

"A vacina é nossa melhor defesa contra a covid. Insitir, sem evidência, de que algumas mulheres não evem acessá-la é completamente irresponsável, especialmente porque as mulheres são maioria nas funções de alto risco em trabalhos essenciais", defende Hannah Brown, líder do Partido para Igualdade das Mulheres, ao jornal britânico.

No Brasil

O Brasil ainda não tem uma vacina disponível contra o coronavírus, mas a Federação Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia (Febrasgo) emitiu uma nota na última semana orientando que mulheres gestantes ou que amamentam não tomem a vacina neste primeiro momento. "Nenhuma das três vacinas que devem ser liberadas primeiro [da Pfizer, Oxford/AstraZeneca e Instituto Butantan] é feita com uma tecnologia que costuma ter contraindicações a gestantes e mães que amamentam. Ainda assim, não sabemos o que constará em suas bulas, quando elas forem liberadas para aplicação. Por precaução, a orientação da Febrasgo neste primeiro momento é que esses grupos não tomem ainda a vacina, esperem um pouco até termos mais estudos sobre possíveis efeitos da imunização", explica Cecilia à CRESCER.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2020/12/mulheres-se-veem-forcadas-escolher-entre-continuar-amamentando-ou-tomar-vacina-contra-covid-19.html