Friday, December 18, 2020

"Achei que teria ciúmes do Joaquim, quando ele começasse a namorar, mas me surpreendi. Acho bom vê-lo feliz", diz Angélica

Angélica em gravação do seu programa (Foto: Globo / João Cotta)

 

 

 

 

 

 

Aos 47 anos, recém-completados, a apresentadora Angélica mostra que o tempo pode ser um poderoso antídoto para a saúde mental das mulheres. "A maturidade me trouxe mais calma, paz e tirou toda a minha ansiedade", revela. A esposa do apresentador Luciano Huck, mãe da Eva, 8 anos, e dos adolescentes Benício, 13, e Joaquim,15, também conta, nesta entrevista exclusiva à CRESCER, o lado bom de 2020: "A pandemia trouxe a riqueza de poder almoçar junto, ficar junto, jantar junto, participar das aulas online". Mas, não deixa de ressaltar a desigualdade do nosso país, que ficou ainda mais evidente com o coronavírus: "Nós, de certa forma, aproveitamos o isolamento dentro de casa. Outras pessoas tiveram que se isolar em um espaço mínimo, ou nem puderam fazer quarentena porque tinham que trabalhar. Deu uma tristeza muito grande ver essa desigualdade que vivemos", desabafa. A apresentadora do programa Simples Assim, da Rede Globo, e prestes a estrear outro programa, o Cartas para Eva, no Globoplay, também fala sobre a carreira, sustos, sonhos, maternidade, felicidade... Confira:  

Sendo mãe de três, o que você acha mais difícil na maternidade?
Na verdade, é muito bom ser mãe de três e tem muitas coisas boas. Acho que a maior dificuldade é conseguir, quando está todo mundo junto, dar atenção que cada um precisa, porque eles são diferentes e têm idades diferentes. Quando estou com os três, muitas vezes me pego rindo sozinha porque fico parecendo uma doida tentando dar atenção de forma diferenciada. Chega a ser engraçado.

Você acha que a pandemia a deixou mais próxima dos filhos?
Nós sempre fomos muito próximos. Mas, sem dúvida nenhuma, a pandemia trouxe uma rotina em casa muito rica para a nossa família. Nós sempre ficávamos juntos nas férias (julho e janeiro),  faziamos programas e passeios juntos. No dia a dia, durante o resto do ano, era aquela rotina de escola, de trabalho... No final de semana, quando estávamos todos juntos, ficávamos meio espalhado. A pandemia trouxe, digamos assim, a riqueza de poder almoçar junto, ficar junto, jantar junto, participar das aulas online.

 

Angélica com a família (Foto: Reprodução Instagram)

 


O homeschooling foi desafiador para vocês?  
Durante três meses, eu fui a professora da Eva, que está alfabetizando, das 8h até às 12h. Era cansativo, mas ao mesmo tempo eu pensava: “Isso é tão maravilhoso porque vou poder falar que, de alguma forma, participei da alfabetização dela”. Eu brincava que era a professora, a tia da cantina, o tio da portaria, durante esses 3 meses (risos). Foi muito legal. Com os meninos eu meio que dava uma coordenada nas aulas deles, mas eles já são maiores e faziam tudo sozinhos.

O que foi (e está sendo) o mais complicado do distanciamento social?
Acho que não só para mim, mas para todo mundo, a insegurança, o medo e a incerteza foram difíceis de lidar porque são sentimentos complicados. A vida fica esquisita quando se está inseguro, não sabe o que vem pela frente, não tem uma data, um prazo para acabar. O medo do “não pode isso, não pode aquilo”... Sem contar a desigualdade do nosso país, que ficou estampado na nossa cara. Meus filhos estão tendo aula online, mas tem crianças que não possuem um celular para fazer esse tipo de aula. Nós, de certa forma, aproveitamos o momento de quarentena dentro de casa. Outras pessoas tiveram que se isolar em um espaço mínimo, ou nem puderam fazer quarentena porque tiveram que ir trabalhar. Deu uma tristeza muito grande ver essa desigualdade que vivemos. 

 

Angélica no Simples Assim (Foto: Globo / João Miguel Júnior)

 

O susto do pouso forçado do avião, depois o acidente do Benício quando ele praticava wakeboard...  Que aprendizados tirou disso tudo?
Isso nos fortaleceu e nos uniu ainda mais. Acho que estes tipos de sustos nos conectam com o que realmente importa na vida. Comigo pelo menos foi assim. Acho que toda situação de vulnerabilidade – e nós vivemos duas muito grandes - te coloca diante de questionamentos muito importantes, quando se está aberto para isso. Acredito que fiquei mais espiritualizada, mais atenta para o que realmente me faz bem. Foram muitos aprendizados positivos de duas coisas muito ruins.

Qual o seu desejo ainda não realizado?
Cada vez mais eu procuro viver o dia e o momento. Claro, eu faço alguns planos de trabalho e até mesmo de viagem e de vida, mas quero viver o agora, então não tenho muitos desejos não.

O seu programa tem um nome bem sugestivo Simples Assim e fala de felicidade. Para você, o que é felicidade? 
Felicidade é estar com a minha família, é estar em contato com a natureza, é ver um pôr-do-sol, é ter saúde... Quando olho em volta e vejo meus filhos, meus pais e minha família com saúde, sinto uma felicidade profunda. A conexão com meu eu interior também me traz isso. Fico muito feliz quando posso estar com meus filhos, sem nenhum compromisso, em um dia tranquilo para ver televisão, jogar um jogo...

A ideia do programa foi sua?
Foi, sim. O Simples Assim não foi inspirado na minha vida, mas partiu da minha cabeça junto com outros criadores. Nós sentamos para escrever e o programa foi nascendo de questionamentos meus, de coisas que eu gostaria de aprender, de viver e de falar sobre. Fomos criando juntos.

 

De onde veio a inspiração para o seu outro programa Cartas para Eva? Que tipos de cartas você gostaria de deixar para sua filha?
Cartas para Eva aconteceu no Dia das Mães, no canal GNT, como um piloto do que vamos fazer agora para o Globoplay. O Cartas veio de uma vontade da maternidade. Quando tive uma menina, mudaram algumas coisas na minha cabeça, vieram alguns questionamentos, comecei a olhar de outra forma as causas feministas. Quando a Eva foi crescendo, ela foi me ensinando muita coisa e comecei a pensar no futuro dela.  Daí começou a surgir a ideia do programa e de deixar cartas para ela ler quando for maior. Cada carta tem um tema que abordamos para o futuro dessas meninas, com exemplo de mulheres que romperam barreiras e que conseguiram alcançar o sucesso. Cada uma na sua história e com o que elas têm para dizer para essas futuras gerações.

Angélica se dedica a escrever cartas (Foto: TV Glob)

 

Neste mundo tão conectado, você cultiva o hábito de escrever cartas?
Sempre escrevi carta e diário, então sempre foi muito legal pra mim. Hoje, nós estamos cada vez mais distante de pegar a caneta e o papel, mas eu gosto.

Que legado você gostaria de deixar para os seus filhos?
O que eu gostaria de deixar para eles é que uma vida pode ser conectada, globalizada, mas quero que percebam o quanto faz feliz as coisas simples da vida, o pé no chão, na terra,  se conectar com as coisas que importam. A felicidade encontramos quando olhamos para dentro. Quero que eles sintam e busquem isso como tenho buscado.

O que aprendeu com os seus pais e, agora, coloca em prática na educação deles?
A união. Sempre fomos muito unidos. Gostamos de estar junto, comemorar as datas. Eu posso contar com eles sempre. E quero que os meus filhos possam contar comigo sempre também. Meus pais sempre foram parceiros, sempre estiveram do meu lado e eu replico isso. Toda data é para comemorar, conversar sobre tudo... Estou sempre aqui para eles.

O que vocês mais gostam de fazer juntos, em família?
Gostamos de jogar jogos de tabuleiro, viajar, conversar, ver filme...

Acha que algum dos seus filhos vai seguir carreira artística, como você e o Luciano?
Eu acredito que ainda tem um tempo pra sentirmos isso, mas a Eva gosta muito de dança, teatro. Pode ser que ela queira seguir alguma coisa de arte... Pode ser dança, música, desenho... Os meninos gostam mais dos bastidores, mas acho que ainda é muito cedo.

Joaquim é um adolescente. Como está sendo encarar esta fase que dizem ser " a mais difícil"? Sente ciúmes dele?
Eu não tenho ciúme dele e até me surpreendi com isso. Achei que teria quando ele começasse a namorar, mas descobri em mim mesma uma coisa totalmente diferente. Eu acho bom vê-lo feliz, quero agregar, quero conhecer. Mas é uma fase difícil até para eles mesmo, com um monte de descobertas. Eles mesmos ficam muito confusos e, é claro, que nós também. Nós temos que que estar ali em volta amparando quando precisa, mas também temos que deixar eles voarem. É aquela fase que o pai e a mãe não são a única referência. Eles procuram outras referências no mundo para entender o que eles mesmo querem. É uma fase de aprendizado pra nós também.

O que a maturidade te trouxe?
Mais calma, me trouxe paz e tirou a ansiedade.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2020/12/achei-que-teria-ciumes-do-joaquim-quando-ele-comecasse-namorar-mas-me-surpreendi-acho-bom-ve-lo-feliz-diz-angelica.html