Sim, é isso mesmo que você leu. Pesquisadores da Universidade de Northern Illinois, nos Estados Unidos, desenvolveram um algoritmo capaz de identificar se o bebê está chorando de dor ou por causa de alguma doença, além de indicar o grau de urgência do problema. O algoritmo foi criado a partir de depoimentos de pediatras e enfermeiros, que lidam frequentemente com crianças e têm facilidade para fazer o diagnóstico baseados em algumas “pistas” que o choro dá. Algumas das características consideradas são o tom e a frequência do som. O sistema aprendeu a reconhecer esses traços com base em gravações de uma unidade neonatal.
Segundo a pesquisadora Lichuan Liu, coautora do estudo, o choro decorrente de dor ou doença é bem mais alto e agudo quando. Essa particularidade pode ajudar tanto pais quanto médicos a identificar se o bebê precisa de atenção imediata.
O sistema consegue fazer a análise do choro mesmo quando o bebê está em um ambiente barulhento, com vozes de adultos, ou uma televisão ligada ao fundo. Normalmente, esse é o ambiente familiar em que as crianças vivem.
Em um teste conduzido pelos cientistas, pediatras experientes escutaram 48 gravações de bebês e deram seus palpites sobre a causa do choro — fome, cansaço, cólica, entre outras. Quando chegou a vez do algoritmo, os resultados da máquina coincidiram em 70% com os palpites humanos.
Apesar do resultado positivo dos testes, ainda existem detalhes para serem aprimorados. Usar tecnologia para a detecção de emoções humanas é extremamente desafiador. Por isso, os cientistas ainda planejam incluir outros atributos, como identificação de movimentos e expressões faciais do bebê – sofisticando ainda mais as babás eletrônicas de hoje.
Para o pediatra Francisco Lembo Neto, chefe do setor de Pediatria do Hospital Samaritano (SP), os tipos de choros são realmente diferentes e difíceis de identificar. "Há o alerta de dor, fome, calor e sono. E, claro, pais de primeira viagem têm muito mais dificuldade de entender o que cada um deles quer dizer. Com o tempo, a família passa a conhecer a personalidade daquela criança e tudo torna-se mais fácil. Além disso, a ansiedade dos pais também influencia o comportamento dos bebês. Pais mais tranquilos têm filhos mais calmos. A ciência está sempre em busca de facilitadores para o nosso dia a dia, mas o instinto de mães e pais é realmente impossível de substituir", alerta o especialista.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Cuidados-com-o-recem-nascido/noticia/2019/07/cientistas-inventam-tradutor-de-choro.html