Foi divulgado nessa segunda-feira (15) um estudo da Organização Mundial da Saúde na Europa, que mostrou que as papinhas industrializadas não só continham muito mais açúcar do que o recomendado, como estavam sendo erroneamente comercializadas como adequadas para bebês com menos de seis meses. O estudo foi feito com base numa versão preliminar do Modelo de Perfil de Nutrientes (MNP), desenvolvido pela OMS, e na coleta de dados sobre o conteúdo nutricional de alimentos para bebês. A pesquisa avaliou os rótulos, as embalagens e também as promoções e divulgações feitas pela indústria de alimentos para crianças, no período entre novembro de 2017 e janeiro de 2018, nas cidades de Viena (Áustria), Sofia(Bulgária), Budapeste (Hungria) e Haifa (Israel).
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O estudo, que teve como objetivo determinar quais alimentos são inadequados para crianças de 6 meses a 3 anos de idade, analisou 516 lojas e 7.955 papinhas vendidas para bebês e crianças pequenas. E os dados são assustadores: mais de 30% das calorias da metade ou mais dos produtos provinham dos açúcares provenientes de suco concentrado de fruta ou outras substâncias, como os edulcorantes. Nas papinhas de frutas, a quantidade de calorias derivada do açúcar chegou a 70%, muito além da recomendação da OMS, que diz que até os 3 anos de idade apenas 5% dos alimentos das crianças deve ser composto por açúcar. Acima dessa idade a recomdação vai para 15%.
Além disso, de 28% a 60% dos produtos estavam sendo vendidos como adequados para bebês com menos de seis meses. Embora isso seja permitido pela legislação da União Europeia, isso vai contra o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, e o próprio guia alimentar, ambos da OMS.
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Boa nutrição na infância é o segredo para o desenvolvimento saudável
Há muitos anos a recomendação da OMS é que as crianças devem ser amamentadas exclusivamente durante os primeiros seis meses. Além disso, a Orientação Global de 2016 sobre o Fim da Promoção Inadequada de Alimentos para Bebês e Crianças Pequenas declara explicitamente que os alimentos complementares comerciais não devem ser anunciados para bebês com menos de seis meses de idade. O órgão também reforçou que o consumo de altos teores de açúcar poderiam causar problemas na dentição das crianças e também doenças relacionadas à obesidade, e pediu a proibição dos altos níveis de açúcares nas papinhas infantis, e também que a indústria reveja a maneira de produção desses alimentos, seguindo as orientações consideradas saudáveis pela OMS.
Apesar do estudo ter sido realizado em países europeus, o alerto é mundial. “Uma boa nutrição na infância e na primeira infância continua sendo a chave para garantir o crescimento e desenvolvimento ideais da criança e melhores resultados de saúde na vida adulta - incluindo a prevenção do excesso de peso, obesidade e doenças relacionadas à dieta", disse o diretor regional da OMS na Europa, Zsuzsanna Jakab.
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