Talvez você passe pela mesma situação de muitas pessoas que atendo com a seguinte queixa: “Meu cônjuge ou outras pessoas da família não concordam com a minha forma de educar”. Nesses casos, a vida em família vai ficando cada vez mais desafiadora. Você tenta explicar, convencer, pedir, suplicar, implorar que façam com seu filho aquilo que você acredita ser o melhor mas... Não funciona! Todos desconsideram sua opinião porque acreditam no velho ditado de que “santo de casa não faz milagre”. A paciência vai se esgotando e o distanciamento começa a acontecer.
Já viveu (ou já viu alguém viver) uma situação como essa? Na semana passada dei duas palestras sobre educação em Curitiba. Esse cara aí da foto é meu irmão. Ele e minha cunhada estão esperando um bebê e ele foi me assistir, foi ouvir o que eu - sua irmã briguenta, chata e bagunceira - tinha a dizer, a ensinar, a compartilhar.
Durante a palestra, ele deu um depoimento aos presentes sobre uma interação que teve quando meu filho, sobrinho dele, tinha uns 4 ou 5 anos. Disse que o meu menino pediu a ele que o levantasse para tocar num lustre gigante da casa nova da nossa tia. Ele, vendo a peça cara e frágil, pensou logo em dizer “não!”. Em seguida, disse ter se lembrado de mim e dos vídeos que faço e resolveu não dizer “não!”. Fez um combinado com meu filho, explicando que o lustre era caro e frágil e que a tia adorava aquele objeto. Que ele o levantaria e que deveria tocar o lustre com cuidado. E assim fez.
“Foram poucos segundos que para mim não fizeram a menor diferença, mas para ele foram segundos de descoberta, de atender sua curiosidade, de fortalecer sua autoestima”, disse meu irmão. “Se não tivesse explicado e orientado, poderia levantar o menino e ele ter dado um ‘tapa’ no lustre. Se eu não o tivesse levantado, ele poderia tentar alcançar o lustre de outra forma colocando a peça ou a si mesmo em risco”.
Através dessa fala, meu irmão demonstrou que entendeu o que venho dizendo e conseguiu aplicar isso com meu filho. Quer saber como você também pode fazer com que seus parentes respeitem sua maneira de educar? Aqui vão 7 recomendações que podem te ajudar a ser o santo que opera alguns milagres como este em sua própria casa...
1. Estude - é importante que você tenha credibilidade para poder influenciar.
2. Tenha empatia - entenda o momento e o ponto de conhecimento sobre o assunto em que o outro se encontra. Sem julgar. Sem brigar. Apenas aceite e respeite.
3. Use mediadores - às vezes um especialista impessoal diz exatamente a mesma coisa que você, mas... ele é assimilado sem reservas! Convide o parente para uma palestra/contato com alguém que seja referência para você. Trechos de vídeo, livros, posts e frases são também exemplos de mediadores que podem ajudar.
4. Não seja monotemático - falar sempre do mesmo assunto pode afastar as pessoas.
5. Aceite e valorize as tentativas - perfeição não existe então, se alguém decidir tentar, valorize essa iniciativa para incentivar a pessoa a continuar.
6. Seja interessado - há uma frase que diz “se quer ser interessante, seja primeiro interessado”. Portanto, interesse-se genuinamente pela pessoa que deseja influenciar. Busque pontos de afinidade (ou crie) e deixe que ela conduza a conversa primeiro. Depois de acompanhar, você pode tentar conduzir. A chance de conseguir mudar o posicionamento dela dessa forma aumenta muito!
7. Seja flexível - se não conseguir de uma forma, tente de outra. O importante é buscar saber qual é a melhor forma de acessar o outro e conseguir influenciar positivamente seu comportamento em relação a sua criança.
Seguindo essas recomendações você certamente aumentará as chances de alinharem um pouco mais, em família, a visão e as práticas sobre educação infantil. E de ser o santo de casa que decidiu encontrar uma forma de fazer alguns milagres. Sempre com o objetivo nobre de CRESCER e ajudar os familiares a também CRESCER Sem Limites!
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Isa-Minatel-Crescer-sem-limites/noticia/2018/11/quando-os-parentes-nao-concordam-com-sua-maneira-de-educar.html