Ao compartilhar um vídeo dando incontáveis giros, Carine Morais não imaginava a repercussão que teria a publicação – mesmo ostentando um barrigão de 35 semanas. Oito vezes campeã mundial de salsa, a dançarina tem o giro como marca registrada, mas mesmo assim recebeu inúmeros comentários alegando que estaria colocando em risco não só a sua saúde, como a do bebê.
Em entrevista exclusiva à CRESCER, Carina explicou que dança há mais de 23 anos e que teve acompanhamento profissional durante toda sua gestação para continuar ensaiando. “Isso não é novidade para o meu corpo, nem para a minha bebê. Inclusive, meus médicos sempre apoiaram que eu me mantivesse ativa”, destaca. “Fiz isso minha vida inteira, literalmente. Para mim, é mais fácil dar todos aqueles giros do que subir uma escada de 20 degraus grávida.”
Segundo Sérgio Podgaec, ginecologista, obstetra e vice-presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, alguém que tem um condicionamento físico tão específico como esse, não está colocando de forma alguma sua gestação em risco. “Algumas atletas, com atividades que envolvem impacto como a luta, precisam interromper os treinos durante a gravidez. Mas no caso da dança ou da natação, é possível continuar até praticamente dar à luz. É até saudável, porque essa atleta vai se sentir pior se parar”, explica.
A história é completamente diferente quando a gestante não tem o mesmo preparo físico, podendo correr até algum risco cardiovascular. No geral, o esforço físico intenso costuma ser mais prejudicial no começo da gravidez. “É quando costumamos ter um risco de 15% perda fetal. Não é um número baixo, por isso recomendamos que as gestantes tenham mais cautela nestes 3 primeiros meses”, afirma Sérgio. Não à toa, Carina interrompeu os ensaios e shows durante o primeiro trimestre.
“Quando passamos esse período mais delicado, adaptamos todas as coreografias para a gravidez. Retiramos as piruetas e os movimentos de impacto, mesmo que tivéssemos autorização dos médicos para alguns deles. Não queríamos correr nenhum risco desnecessário”, conta a bailarina. “Preferi não fazer treino físico também. Entrei em um período de maior tranquilidade. Me dedicava tanto a essa maratona de treinos e ensaios que entendi a gestação como férias.”
Braulio Zorzella, médico obstetra na Caza da Vila (SP), que está acompanhando Carina na reta final da gestação, também compartilhou o vídeo e respondeu a alguns comentários da publicação. “O maior receio é de que o bebê fique enrolado no cordão, mas isso sequer é um problema para a vitalidade do bebê. Além disso, não quer dizer que esses giros farão o bebê ficar enrolado, ele gira junto com ela. Em geral, o bebê ocupa de 80 a 90% do tamanho do útero, não tem tanta folga assim para girar lá dentro, não teria nem cordão o suficiente para dar tanta volta”, explica.
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