
Era uma vez uma mãe e um pai que queriam buscar o melhor para educação de seus dois filhos. Eles ouviram falar que, para bem educar, era necessário colocar limites. Caso contrário, seus filhos cresceriam mimados e tornariam-se pequenos tiranos. As crianças foram crescendo e a vida da família foi se enchendo de “não's“:
- Não!
- Não pode!
- Aí não!
- Eu já falei que não!
- Nããããão!
- Ele não sabe ouvir não!
De tanto ouvir “não”, as crianças começaram a ter obstáculos em seu desenvolvimento e os pais tiveram como resultado exatamente o contrário do que desejavam: o filho de temperamento forte foi ficando cada vez mais rebelde e agressivo, e a criança de temperamento tranquilo foi ficando cada vez mais apática. As crianças foram, assim, ficando mesmo limitadas. A vida em família era turbulenta, cheia de choro, brigas e muito estresse. Poucos momentos eram de alegria e harmonia.
Mas o que fazer para ter o contrário, ou seja, uma vida alegre e harmoniosa com poucos momentos de estresse? É só criar crianças sem limites!
Não estou falando de crianças sem educação, nem sem noção, mas sem limites!
Quando pensamos na parte boa do limite, percebemos que ela se refere a orientar sobre riscos, os direitos dos outros, as regras, os combinados, as leis. Já a parte nociva do limite seria podar, impedir o crescimento, barrar o desenvolvimento, eliminar as formas de expressão.
Assim, o termo “limite” para educar crianças pode estar parcialmente equivocado e, se confundimos, existe um risco enorme de errar também na prática. Assim, acabamos criando crianças limitadas, no sentido ruim da palavra.
Então, meu convite é: vamos ficar só com a parte boa do limite? Vamos trocar a palavra limite pela palavra orientação? Vamos, sempre que pensarmos em colocar limites (podar, barrar, eliminar), tentar buscar uma alternativa, orientando?
Defendo a ideia de que precisamos estudar para ser pai e mãe. Temos muito o que aprender para que nós, como pais, e nossas crianças, como seres humanos, possamos juntos crescer sem limites.
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Isa Minatel é pedagoga, psicopedagoga, especialista em pedagogia Montessori e Youtuber. Teve a vida e a carreira transformada pelo filho Petrus, 7 anos, e, então, tornou-se autora dos livros Crianças sem limites e Temperamentos sem limites.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Isa-Minatel-Crescer-sem-limites/noticia/2018/10/o-limite-tem-um-lado-bom-e-um-lado-ruim.html