Alguns pais acreditam que este é um momento importante e a participação dos filhos é essencial. "Sempre levo. Esse ano será a vez do caçula", comentou Ana Cristina Belonsi, referindo-se a Luiz Otávio, 3 anos. "Sempre levei e continuarei levando. Esse ano, em especial, por termos debatido a respeito aqui em casa, ele faz questão de ir junto", justificou Alessandra Ramos de Araújo, mãe do Rafael, 12.
Na opinião de outros, as crianças podem atrapalhar na hora da escolha. "Não levo, não é legal. Ainda mais nesse momento que são muitos cargos para votar", comentou Karina Rico Araki, mãe de Eduardo, 3 anos. “A política no Brasil está muito banalizada e, na minha opinião, urna não é local de criança. Sei que muitos pais acabam deixando a criança apertar os números por pura diversão”, completou ela.
Já a publicitária Danielle de Oliveira disse que pretende levar a filha Vallentina, 2, por falta de alternativa. “Se eu estou sozinha com a criança em casa e preciso votar o que eu faço?”, questionou.
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Afinal, pode ou não pode?
Indenpendentemente do motivo, muitos pais já levaram e planejam levar seus filhos para as urnas no próximo dia 7 de outubro. "Sempre levei, nunca tive problemas! Para este domingo, minha filha já perguntou em quem nós — ela e eu — iremos votar", divertiu-se Beatriz Almeida, mãe Manuela, 6.
No entanto, alguns relataram que nas últimas eleições já foram proibidos de votar acompanhados de seus filhos, como é o caso de Ana Kika Lanari. "Um absurdo, sempre votei com meus pais e vou insistir novamente esse ano", disse ela, sobre o filho Bernardo, de 8 anos. "Foi super frustrante pra ele. Até fiquei curiosa agora para resgatar se essa proibição consta em lei ou algo assim", questionou.
A resposta é não, Ana. Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Eleitoral em Brasília, a legislação não é especifica quanto a esse assunto. Isso explica a divergência entre um local e outro. No entanto, a orientação é passada com base no princípio constitucional do sigilo do voto, que não pode ser quebrado. Dessa forma, o mesário, que é a maior autoridade dentro da sessão, é quem pode definir se a criança deve ou não acompanhar o responsável no momento do voto.
“Sempre trabalhei nas eleições e nunca proibi a entrada de crianças acompanhando os pais, mas nessa eleição já houve comunicado no treinamento dos mesários sobre a proibição”, esclareceu Nina Rosa Cavalcanti, presidente de sessão em Embu das Artes, São Paulo.
Por email, a assessoria de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo informou que "se for criança de colo, sem entendimento e os pais não tiverem com quem deixar fora da cabina, não tem problema. Para crianças maiorzinhas, haverá uma cadeira fora da cabina, onde ela pode ficar próxima ao pai ou mãe, mas sem ver os votos. Assim foram instruídos os mesários. A mensagem que o Tribunal deseja passar, como exemplo para as próximas gerações, é justamente no sentido de que o voto é secreto e um momento de intimidade total do eleitor".
"Temos que pensar no outro lado, compra de votos de candidados que usam a criança para confirmar o voto. Nunca barrei bebê, somente crianças maiores, quem têm ideia do que ocorre", explicou a empresária Bruna Buglione, que já foi presidente de mesa.
Portanto, para não ser pego de surpresa ou causar frustração aos pequenos, a dica é buscar informações com antecedência junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do seu estado. De qualquer forma, levando ou não a criança, é um ótimo momento para os pais explicarem o que as eleições representam para o país e a importância do voto consciente, certo?
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2018/10/eleicoes-2018-criancas-podem-acompanhar-os-pais-na-urna-eletronica.html