Friday, October 5, 2018

Denise Fraga: "As avós não temem os bebês porque respeitam a pessoa que ali está"

Denise fraga é atriz, casada com o diretor Luiz Villaça e mãe de Nino, 20 anos, e Pedro, 18. (Foto: Caue Moreno / Editora Globo)

 

Vou ser tia-avó. João Victor será o primeiro filho, o primeiro neto, o primeiro bisneto, o primeiro sobrinho e o primeiro sobrinho-neto. Chegará reinando nos colos ansiosos por sua existência. Outro dia, ele apareceu em close no grupo da família num desses ultrassons de última geração. É mesmo impressionante. Apesar de seus poucos cinco meses de vida dentro da barriga de sua mãe, já podemos arriscar até de quem será o seu nariz. Não faltaram apostas.

Quando tive meus pequenos, víamos um serzinho sombreado no ultrassom, quase uma animação, um desenho que se movia para que pudéssemos acreditar que era verdade aquele milagre. Agora, João Victor já é João Victor desde o líquido amniótico. E eu já carrego, cheia de honra, uma avó dentro de mim.

Sempre tive inveja das avós, mas agora entendo realmente o porquê. Elas já viram que os bebês se tornam pessoas. Elas já percorreram a trajetória da moleira à barba. Um umbigo a cair é só alguém que precisa ter um umbigo, nada mais, e que, de preferência, não dê muito valor a ele. As avós levam tudo de maneira mais leve. Não temem os bebês porque respeitam a pessoa que ali está.

Me lembro de uma história que me contavam quando eu era pequena. Que, quando bem bebezinha, eu sumi. Minha avó tinha me posto deitada num lençolzinho no tapete da sala, técnica muito usada por quem criava muitos e não podia correr o risco de a criança cair. Foi dar uma espiada na minha soneca e se desesperou. Eu tinha sumido. Correria e gritaria pela casa inteira, até que me acharam escondida, aos 3 ou 4 meses, debaixo da poltrona da sala. Só Deus sabe como eu rolei até lá! Essa história sempre me foi contada do ponto de vista da minha avó, me colocando como agente da ação, apesar dos meus poucos meses de vida.

“AS AVÓS LEVAM TUDO DE MANEIRA MAIS LEVE. NÃO TEMEM OS BEBÊS PORQUE RESPEITAM A PESSOA QUE ALI ESTÁ”

– A menina correu para debaixo da poltrona!

Confesso que, quando criança, sentava pelas tardes na tal da poltrona da casa de minha avó e ficava achando um pouco injusto acharem culpa minha, e não da falta de vigília, eu ter acabado ali embaixo. Hoje entendo o motivo. Para minha sábia avó, eu era eu desde que nasci. Ela já tinha visto muitas pessoas de 4 meses de vida.

Quando vi o João Victor na foto do ultrassom, já pensei na barba dele, meio ruivinha que nem a do pai, e não apenas no seu nariz.

Se agora temos ultrassons de última geração, arrisco dizer que uma avó é uma mãe de última geração. Mais potente. Com a capacidade, inclusive, de aconselhar as mães a terem menos medo dos seus bebês e do que precisam fazer para criar o tal serzinho. Melhor tratá-los como gente desde sempre. Gente que precisa de orientação, cuidado, amor, escuta e presença porque são crianças – mas sobretudo de leveza, para entrar na roda da humanidade sabendo que é mais um a fazer parte do todo.

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Denise-Fraga/noticia/2018/10/denise-fraga-avos-nao-temem-os-bebes-porque-respeitam-pessoa-que-ali-esta.html

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