
O que era para ser um dia divertido para a família de Kauã Brenno Ribeiro dos Santos, 19, de Santarém, Pará, se tornou um momento de medo e angústia. Ele estava com os pais, a irmã de 6 anos, a namorada e os amigos curtindo o dia em uma lancha no Rio Arapiuns, no início de novembro, até que o barco começou a afundar. Em menos de um minuto, a família ficou à deriva.
Brenno foi resgatado por Emerson e foram atrás da família
Reprodução/Instagram
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Após algumas horas nadando, Brenno encontrou o piloto de helicóptero Emerson dos Santos Goulart, 45, de Osasco, que estava de férias pescando. Ele subiu no barco e o levou até a sua família. Felizmente, todos foram resgatados em segurança. "Tenho só a agradecer pelo livramento", diz o jovem, em entrevista exclusiva à CRESCER.
Brenno conta que tudo aconteceu muito rápido: o barco enfrentou problemas mecânicos, provavelmente por um erro durante a revisão, antes de embarcarem, conta. Quando perceberam que estava afundando, correram para pegar os coletes salva-vidas e pularam na água. Em cerca de 40 segundos, a lancha estava completamente submersa. "A gente ainda ficou 10 minutos conversando sobre o que fazer, naquela agonia. Aí, eu falei que eu conseguia nadar para pedir ajuda. O pessoal não queria, porque estávamos muito longe [da costa]", lembra Brenno.
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Mas ele conseguiu convencer os familiares a deixá-lo ir. "Era a única solução para a gente sair de lá. Se não, passaríamos muito tempo lá, não passava nenhuma lancha. Eu levei um pente rosa cintilante. Caso visse alguma embarcação, poderia sinalizar já que, no meio do rio, tu não é nada. É muito difícil de ver", conta.
Brenno começou a nadar em direção ao que parecia uma ilha. "Eu lembro que tinha um boto que nadava comigo. Chegou um ponto em que eu não via mais minha família, então, eu ficava naquela dúvida: será que eles estão bem? Será que eu volto para ajudar? Eu ficava só orando, só queria chegar logo. O ruim não era nem nadar, era olhar para frente e parecer que estava no mesmo lugar", recorda.
'No meio do percurso, comecei a sentir cãibras nas pernas'
Brenno ficou cerca de duas horas nadando até que avistou terra fime. "No meio do percurso, comecei a sentir cãibras nas pernas", lembra. Ele viu o barco de Emerson, que estava pescando, começou a gritar, assobiar e acenar. O piloto lembra desse momento: "Foquei meu olhar para o rio e tive a felicidade de observar muito longe, mas muito longe mesmo, um pequeno ponto preto. Então, pedi para o condutor da lancha para irmos até lá dar uma olhada", conta.
"Na verdade, a gente foi meio que desacreditado, brincando que poderia ser um tronco, um jacaré, alguma coisa assim. Chegando perto, vimos que se tratava de uma pessoa. Deu para ver os braços mexendo, gesticulando", acrescenta. Foi, então, que ele encontrou Brenno. "Estava exausto, tendo fortes cãibras. Ao colocá-lo no barco, ele falou que tinha mais gente na água, estava toda sua família, inclusive crianças. Naquele momento, eu sabia que tínhamos que agir rápido", diz Emerson.
Ele acalmou Brenno e explicou que estavam em dois barcos e se dividiram para começar as buscas. "Sabíamos que não poderíamos demorar por conta do pôr do sol e do nosso combustível, que era limitado. Foi aquela aflição! Não sabíamos como encontrar as pessoas", diz. Felizmente, eles conseguiram localizá-los em pouco tempo. "Foram aproximadamente de 15 a 20 minutos de busca que, para mim, pareceram duas horas. Estavam todos de colete, reunidos. Isso ajudou muito. Essa atitude de não se separar foi fundamental para que a gente conseguisse tirar todos bem da água", afirma.
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'Tenho só a agradecer pelo livramento'
Momento em que Brenno é reunido com a família
Reprodução/Instagram
"Quando encontrei Emerson, fiquei muito feliz porque eu ia atrás dos outros. E fiquei mais alegre ainda quando os encontramos. Deu aquele sentimento de alívio, que nada foi em vão. Na água, era um sentimento muito ruim: o tempo ia passando e o medo era escurecer. Mas quando a lancha apareceu, eu fiquei muito grato a Jesus. Foi um momento de felicidade. A palavra perfeita para isso é milagre", lembra o jovem.
Todos estavam muito cansados, mas ninguém se feriu. "A gente deve olhar para a vida, caiu a ficha de que a gente não é de ferro, não é de aço, a gente vai embora. Tenho só a agradecer pelo livramento", afirma Brenno.
Emerson também ficou muito feliz em ajudar. "Quando chegamos, foi uma euforia total, aquela sensação boa. A gente foi tomado por aquele sentimento de missão cumprida, de agradecer a Deus por tudo ter dado certo, por todos estarem são e salvos", destaca.
Viralizou
O vídeo do momento do resgate foi compartilhado por Emerson nas redes sociais e gerou uma enorme repercussão. Muitos internautas elogiaram a coragem de Brenno, que nadou por tanto tempo em busca de ajuda. "Eu gravei para não passar em branco. Postei na minha rede social, que era fechada, mas a minha filha acabou externando e tomou uma proporção enorme", afirma. "A sensação é de gratidão a Deus. Acho que ele que trabalhou naquele momento para que tudo ficasse bem", finaliza.
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