Saturday, December 6, 2025

A surpresa da vez: homens têm hoje mais vontade de ter filhos do que mulheres, diz pesquisa


Quando você imagina alguém com muita vontade de ter um bebê, provavelmente pensa em uma mulher. Não por acaso: por décadas, a maternidade foi colocada como destino natural feminino, e cuidar dos filhos era visto como seu principal propósito. Mas esse imaginário não acompanha mais a realidade.
Com mais autonomia e liberdade para escolher seus caminhos, muitas mulheres deixaram de colocar a maternidade no centro da vida. E, surpreendentemente, são agora os homens que demonstram maior desejo de ter filhos, segundo um estudo recente do Pew Research Center, nos Estados Unidos.
Pai beijando bebê
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Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores ouviram americanos de 18 a 34 anos, que não são casados e não têm filhos. Pouco mais da metade (51%) dos entrevistados afirmou que gostariam de ser pais algum dia. Três em cada dez dizem não ter certeza, e 18% afirmam que não querem ter filhos. Entre os que desejam ter filhos, a maioria são homens: 57% contra 45% de mulheres.
Este desejo não parece ser algo pressionado ou imposto. A maioria dos jovens adultos que não têm filhos (67%) afirma não sentir muita ou nenhuma pressão dos pais para isso. Cerca de um em cada cinco (19%) diz sentir alguma pressão para ter filhos, e 14% relatam sentir muita ou bastante pressão. A sensação de pressão dos pais não varia conforme o gênero.
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'Quando o custo percebido é menor, a intenção tende a ser maior'
Não é nenhum segredo que os papéis sociais mudaram com o tempo. As mulheres não são mais limitadas a dedicar sua vida aos cuidados dos filhos e da casa. Elas podem ter uma carreira, autonomia financeira e liberdade para fazer as próprias escolhas. Os homens também não são mais apenas os provedores. As novas gerações parecem compreender melhor a importância da criança ter um pai presente e muitos se esforçam para serem a sua a melhor versão para seus filhos. "Já não existe aquela certeza automática de outras épocas", afirma a psicóloga Larissa Fonseca, especialista na abordagem cognitiva comportamental.
Mas, este não parece ser o único motivo por que os homens têm mais interesse em construir uma família do que as mulheres. Ocorreram muitos avanços em relação aos direitos das mulheres de algumas décadas para cá, mas os cuidados da casa e dos filhos continuam caindo mais sobre elas, fazendo com que mães enfrentem jornadas duplas ou triplas ao longo do dia.
A carga mental e emocional das mães que trabalham não é a mesma dos pais. "Entre os homens, o desejo maior pode aparecer justamente porque eles sentem menos o impacto direto da parentalidade e ainda associam a paternidade à ideia de continuidade familiar, legado e amadurecimento, sem o mesmo custo emocional e prático que recai sobre as mulheres", aponta a especialista.
Segundo Larissa Fonseca, é importante olhar para a estrutura social que os dados evidenciam. "Muitos ainda não sentem de forma direta o impacto físico, emocional e profissional que um filho traz. Para a maioria dos jovens adultos, a paternidade costuma aparecer como um ideal, sem o mesmo peso de reorganização da vida. A ciência do comportamento explica que, quando o custo percebido é menor, a intenção tende a ser maior", destaca. "Isso não é falta de amor ou responsabilidade, é diferença de contexto", reforça.
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'A decisão de ter filhos hoje envolve um cálculo emocional sofisticado'
As mulheres, por outro lado, têm maior consciência do que a maternidade exige, o que pode explicar a diminuição do interesse em ter filhos. "As mulheres sabem o que as próprias mães abriram mão e até o desgaste envolvido na dedicação da própria carreira, postergando a decisão. Existe um impacto hormonal, uma carga mental e uma sobrecarga prática que ainda recaem mais sobre as mulheres", afirma a psicóloga.
Soma-se a isso um momento histórico para as mulheres: nunca tiveram tantas oportunidades de estudo, carreira e liberdade de escolha. "A maternidade deixou de ser a única forma de realização na vida. Muitas mulheres querem antes estabilidade financeira, apoio emocional, divisão justa do cuidado e espaço para existir como indivíduo. A decisão de ter filhos hoje envolve um cálculo emocional sofisticado. Não é rejeição à maternidade. É a percepção real de seus custos e a liberdade de escolher o tempo certo ou até de não escolher", finaliza.


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