O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (5) que já tem um plano para vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos. O estado pretende imunizar esse grupo com uma dose em três semanas, desde que o Ministério da Saúde forneça o imunizante ou autorize a compra diretamente com a fabricante, no caso a Pfizer. Segundo o governo paulista, serão 250 mil crianças vacinadas por dia. A campanha contemplará mais de 4 milhões dos menores dessa faixa etária, sendo que serão priorizadas 850 mil crianças com comorbidades ou deficiências, além de indígenas e quilombolas.
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De acordo com o governador João Doria, 5,2 mil postos já estão disponíveis para iniciar a vacinação. Além disso, a imunização também poderá ser feita em escolas públicas estaduais em parceria com os municípios. Já foram cadastradas 268 unidades escolares para servirem como postos de vacinação infantil.
Durante a coletiva, Doria criticou o governo federal pela demora em se posicionar em relação à imunização dos pequenos. "Temos a vacina infantil contra a covid-19 aprovada há quase um mês pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e não temos a vacina. É entristecedor", afirmou.
Já o secretário da saúde, Jean Gorinchteyn, explicou que o estado não conseguiu adquirir as vacinas da Pfizer por uma questão contratual, pois as doses são de exclusividade do governo federal. "[Ele] não se colocou de maneira respeitosa ao momento pandêmico para vacinar as crianças e controlar não só a disseminação do vírus, mas também proteger a gravidade de doença e mortalidade nesse público", pontuou o médico.
O imunizante da Pfizer foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro. Após a consulta pública (aberta entre 24 de dezembro e 2 de janeiro) e a audiência realizada neste terça-feira (04), o Ministério da Saúde pretende divulgar um documento sobre as diretrizes da vacinação infantil no país nesta quarta-feira (5).
Vale lembrar que o imunizante destinado aos pequenos possui características distintas e vem em uma embalagem com tampa laranja. Confira as diferenças no quadro abaixo:
De acordo com Eduardo Ribeiro, secretário-executivo de Saúde de São Paulo, o estado já conta com 4,5 milhões de seringas e o mesmo número de carteirinhas de vacinação infantil. O secretário ressaltou, ainda, que aguarda um posicionamento da Anvisa, em relação à aprovação da CoronaVac para as crianças, pois o governo paulista já tem 12 milhões de doses disponíveis.
O governador de São Paulo complementou dizendo que se a Anvisa aprovar a CoronaVac para as crianças acima de 3 anos nos próximos dias, a imunização começará imediatamente. "Toda a pressa, toda velocidade para salvar vidas", declarou Doria.
Segundo o secretário de Educação, Rossieli Soares, vacinar os pequenos dentro das unidades escolares é muito eficiente. Para a campanha de imunização contra a covid-19 de crianças de 5 a 11 anos, a Secretaria de Educação conta com a adesão de nove municípios — Caieiras, Campinas, Cajamar, Ibaté, Jundiaí, Louveira, Mairiporã, Nova Odessa e São Carlos — e 268 escolas participantes.
Em relação à vacinação dos adolescentes, Rossieli apontou que o estado já tem 102,7% da faixa etária de 12 a 17 anos com ao menos uma dose aplicada e 81,5% com esquema vacinal completo.
A fabricante divulgou resultados de estudos apontando que as respostas imunológicas de crianças de 5 a 11 anos de idade foram comparáveis às de indivíduos de 16 a 25 anos. Um dos achados foi de que a vacina foi 90,7% eficaz na prevenção contra a covid-19. Na pesquisa, a segurança do imunizante foi estudada em aproximadamente 3.100 crianças dessa faixa etária. Após receberem a vacina, os pequenos não tiveram nenhum efeito colateral grave.
Assim como a vacinação dos adultos, a das crianças ocorrerá em duas etapas com um intervalo de pelo menos três semanas entre as doses. Casos de miocardite, ou inflamação do coração, em homens e adolescentes foram registrados ao redor do mundo depois da aplicação de vacinas, como a da Pfizer, contra a covid-19. Embora a probabilidade de desenvolver a condição seja muito maior após contrair o vírus do que ao ser vacinado, o risco ainda existe. De acordo com a Pfizer, a maioria dos casos de miocardite acompanhados se resolveram rapidamente e não representaram perigo significativo para a saúde dos jovens, tornando a relação entre risco e benefício favorável à vacinação.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2022/01/sp-pretende-vacinar-criancas-de-5-11-anos-em-tres-semanas.html