"Alguém aí lembra da poliomielite (ou paralisia infantil) e o terror que ela causava no passado? A doença, erradicada nas Américas, volta a preocupar. Isso porque, nos últimos seis meses, foram detectados 309 casos em 12 países da África, onde a doença já estava eliminada. Temos que nos preocupar? A resposta é 'sim'", afirmou a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), nesta semana, em um alerta em suas redes sociais.
O que acende o alerta em osso país é a taxa de cobertura vacinal contra a doença, que "está muito baixa (cerca de 60%)". "Como aconteceu com esses países, pode acontecer aqui também. Para a pólio não voltar, temos que vacinar nossas crianças e atingir a meta de 95% delas protegidas", completou a SBIM.
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A vacinação tem mantido o Brasil livre da doença nos últimos 30 anos. Mas nem sempre foi assim. Segundo a SBIM, até a década de 1950, a poliomielite causava um "verdadeiro pânico" no mundo inteiro, tudo por conta das suas consequências graves, como a paralisia ou a incapacidade de respirar sem a ajuda de aparelhos. Na época, milhares de pessoas foram afetadas.
No Brasil, as campanhas anuais de vacinação e as rigorosas medidas de vigilância epidemiológica reduziram progressivamente o número de casos da doença — o último registro foi em 1989. Por conta desse esforço, adotado também por outros países, em 1994, a Opas (Organização Pan-americana de Saúde) declarou a erradicação nas Américas do vírus da poliomielite.
Mas como nem todos os continentes conquistaram esse status, de 2004 a 2014, ocorreram surtos em Moçambique, Miamar, Indonésia, China, Paquistão, Nigéria, Camarões, Níger, Chade, Afeganistão, Somália, Quênia, Congo, Yêmen, Índia, Etiópia, Madagascar e Camboja. Além desse fator, existe também a ocorrência de casos de poliomielite provocados pelo vírus da vacina oral (Sabin) em países com baixas coberturas vacinais. Por isso, a única solução é manter uma alta cobertura vacinal e a vacinação com a vacina inativada poliomielite, pelo menos para as duas primeiras doses. Viajantes que se dirigem para países com risco de transmissão devem atualizar sua vacinação, alerta a Sociedade.
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Segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), "ainda não estamos livres da pólio, não". "Em cenários de baixa cobertura como o que temos, que é de cerca de 60% a 70%, o risco é real de reintrodução do vírus. Então, precisamos aumentar as cobeturas vacinais nas crianças brasileiras sob o risco da gente ver ressurgir, sem dúvida, a doença. Mais de 30 anos sem pólio e ver a doença voltando seria lamentável. Então, temos que trabalhar para impedir não só a volta da pólio, como do sarampo, da difteria, da rubéola, do tétano... dessas doenças que, praticamente, já desapareceram", alertou.
A transmissão da doença se dá pelo contato direto entre pessoas; por via fecal-oral; por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou de portadores do vírus. Também pode ser transmitida por meio de gotículas de secreções da garganta durante a fala, tosse ou espirro.
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Atualmente, as vacinas disponíveis contra a pólio são:
VOP – vacina oral poliomielite
VIP – vacina inativada poliomielite
DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada e Haemophlilus influenzae tipo b)
DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b)
dTpa-VIP (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada à vacina poliomielite inativada)
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