Algumas mulheres podem apresentar uma pequena alteração na menstruação depois de tomar a vacina contra a covid-19. Um estudo publicado na revista científica Obstetrics and Ginecology nesta quinta-feira (6) mostrou uma relação entre o uso dos imunizantes tipo RNAm (como os da Pfizer e da Moderna) e um aumento temporário na duração do ciclo menstrual.
Os pesquisadores analisaram dados de 3.959 mulheres vacinadas e não vacinadas, com idades entre 18 e 45 anos, por seis ciclos menstruais consecutivos. No caso das vacinadas (60%), foram três antes da primeira dose da vacina e outros três depois. Eles observaram as mudanças que aconteceram tanto na duração do ciclo menstrual quanto na duração da menstruação em si.
Os resultados mostraram que, no geral, a vacina contra a covid-19 está relacionada a um aumento de um dia a mais que o habitual na duração do ciclo. Apesar disso, a mudança foi temporária e o ritmo voltou ao normal após alguns meses.
Apenas 5% das mulheres imunizadas tiveram uma variação de mais de 8 dias no ciclo. Essa taxa foi quase a mesma em comparação com as mulheres não vacinadas que participaram do estudo. Segundo os autores, isso indica que a duração do ciclo é afetada por vários fatores, como rotina, meio ambiente, fatores estressores... Apesar de existir uma relação entre vacinação e essas mudanças, ainda é cedo para dizer que a vacina é a responsável por elas.
"As pessoas têm relacionamentos diferentes com seu ciclo menstrual. Para algumas, que talvez estejam planejando engravidar ou tentando evitar uma gravidez, um dia de mudança já pode ser importante”, explicou a obstetra Alison Edelman, uma das autoras da pesquisa, em entrevista à CNN.
Dias sem menstruar, alterações no fluxo de sangue, mais cólicas e TPM e – para completar – queda na libido. Desde o começo da pandemia, em março de 2020, relatos como esse têm sido comuns nos consultórios dos ginecologistas.
Uma pesquisa feita em abril de 2021 por estudiosos do Trinity College Dublin, na Irlanda, com 1.300 mulheres do Reino Unido, mostrou que mais da metade delas experimentou alterações em seus ciclos menstruais desde que se instalou a pandemia de covid-19. Nos números, chama a atenção que 56% disseram que seu ciclo menstrual mudou desde o início da pandemia, enquanto 54% contaram sentir o desejo sexual diminuir. As participantes também relataram um aumento na insônia, ansiedade e depressão, informa a pesquisa, que foi apresentada na conferência anual da Sociedade de Endocrinologia, em Edimburgo, na Escócia, na primeira semana de novembro.
“A pandemia aumentou o nível de estresse e ansiedade da população, em geral, e nas mulheres, isto pode repercutir no ciclo menstrual. Sabe-se que níveis elevados de estresse podem promover alteração na produção dos hormônios sexuais e causar alterações no ciclo menstrual”, explica a ginecologista Daniela Yela Gomes, membro da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e docente da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2022/01/covid-19-estudo-aponta-relacao-entre-vacina-e-pequeno-aumento-na-duracao-do-ciclo-menstrual.html