Uma mãe arrasada disse que a filha de 2 anos perdeu seis meses de tratamento contra o câncer. Isso porque, inicialmente, os médicos afirmaram que a menina sofria apenas de prisão de ventre. Mas na verdade tratava-se de um raro câncer de fígado. Louise Millward, 34, de Worcestershire, no Reino Unido, notou, em maio de 2020, que a pequena Grace havia perdido o apetite e estava mais cansada do que o normal.
A mãe de dois levou a filha ao médico, que a encaminhou ao hospital, onde os especialistas suspeitaram que ela tinha prisão de ventre ou apendicite. Ela foi tratada e recebeu alta, mas a saúde de Grace continuou a piorar e a mãe percebeu que ela estava perdendo o equilíbrio. Então, em outubro, cinco meses depois, Louise percebeu que o estômago de Grace estava inchado e levou a menina de volta ao hospital. Outros exames revelaram que seu fígado estava inflamado e, infelizmente, ela foi diagnosticada com hepatoblastoma, um câncer raro que afeta apenas uma em um milhão de crianças.
Louise criticou o atendimento que recebeu no hospital, dizendo que o câncer de sua filha não foi tratado por seis meses. "Os médicos nos garantiram que era prisão de ventre e nós apenas pensamos que estava tudo resolvido. Porque o que ela tem em crianças é tão raro, até certo ponto, estou zangada por não ter percebido. O tamanho do tumor quando ela foi diagnosticada tinha 14 cm de comprimento. Para uma criança de 23 meses ter 14 cm de comprimento no fígado é enorme. Se tivesse sido diagnosticado adequadamente em maio, então talvez não tivesse ficado tão grande e poderia ter sido resolvido mais rapidamente", lamentou.
"Depois que fomos mandados para casa, tivemos incidentes com ela caindo, vômitos, enjoos, falta de interesse. Esses incidentes aconteceram de maio a outubro. Ela estava muito mal durante todo aquele tempo. Achamos que poderia ser um vírus ou algo assim. Então, uma noite, enquanto eu estava dando banho nela, percebi que ela tinha um mapeamento de veia em seu estômago, eu nunca tinha visto isso antes. Suas veias e artérias tiveram que vir à tona por causa da pressão", disse a mãe.
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Em 25 de outubro de 2020, Louise levou Grace ao hospital para exames e eles foram encaminhados ao Worcestershire Royal Hospital enquanto aguardavam uma investigação. "Os médicos me disseram que seu fígado estava extremamente aumentado e era isso que eu conseguia projetar para fora de seu peito. O mapeamento da veia era a pressão do tumor nas artérias. Fomos então admitidos para investigações. Pesquisei no Google os sintomas de Grace e sugeri que provavelmente era câncer. Os médicos não conseguiram dar um diagnóstico, eles ainda estavam fazendo investigações e disseram que provavelmente seria um hepatoblastoma. Era um tumor, mas eles não sabiam dizer qual e se havia se espalhado. Tudo depois disso aconteceu tão rápido. Eles, então realizaram tomografia computadorizada, ressonâncias magnéticas e biópsias", recordou Louise.
Em 2 de novembro, veio a confirmação. "Ficamos arrasados, mas não surpresos. O pulmão direito dela entrou em colapso; ela tinha um sangramento no fígado e os níveis de hemoglobina caíram imediatamente. Grace agora está passando por quimioterapia e radioterapia agressivas em uma tentativa de reduzir o tumor. Assinamos um ensaio clínico que analisa os níveis de toxicidade dos medicamentos de quimioterapia para tratar este câncer. Grace também tem as características de um tumor de um carcinoma hepatocelular, que é uma massa do lado de fora do fígado, mas não é o tumor maligno realmente ruim. No fim de dezembro, tivemos uma redução de 13% no tamanho do tumor. Os cirurgiões agora decidirão o que acontece a seguir. Quanto ao futuro, não sabemos, mas a quimioterapia está diminuindo o tumor. A cura de Grace é removê-lo por meio de uma ressecção ou transplante. Os cirurgiões nos disseram que ela pode sobreviver com um terço do fígado", finalizou.
1. Reflexo esbranquiçado nos olhos, estrabismo, perda de visão ou crescimento dos olhos – o chamado olho de gato se manifesta como uma mancha esbranquiçada nas fotos tiradas com flash e pode indicar retinoblastoma.
2. Sangramentos sem sinal de machucado – pelo nariz, pela gengiva e pela urina. Apesar de ser um sintoma mais raro, também merece atenção. Mesmo que não seja câncer, sangramentos indicam alterações de coagulação
3. Manchas roxas pelo corpo e ao redor dos olhos – demonstram que a medula óssea está infliltrada por células doentes, o que acontece em caso de leucemia ou de neuroblastoma. Vale lembrar que os hematomas de batidas e quedas vão sumir rápido e aparecem somente no lugar da lesão.
4. Dor de cabeça: pode ser confundida com enxaqueca, já que muitas vezes aparece acompanhada de náuseas. Por isso, em caso de desconfiança de que seja algo mais grave, vale insistir para que o pediatra faça uma tomografia. Quando medicada, a dor de cabeça se resolve em 1 ou 2 dias.
5. Dores nos ossos, nas juntas, nas costas e facilidade de fraturas – podem ser facilmente confundidas com dores do crescimento, mas quando a dor passa a interferir na vida da criança, quando ela reclama com muita frequência, melhor investigar. O inchaço também pode indicar que algo não vai bem.
6. Alterações na forma de andar, de falar e perda de equilíbrio – são mais frequentes em casos de tumor cerebral, quando geralmente são acompanhados de dores de cabeça, vômitos e alterações oculares.
7. Caroços e inchaço – Gânglios no pescoço podem sinalizar uma simples amidalite, ou mononucleose, mas sempre merecem ser investigados. A barriga inchada, que normalmente é vista como sinalizador de verminoses, também.
8. Febre prolongada – dura entre 7 e 10 dias, mas após o 3º dia já é preciso ir ao médico se a temperatura não baixar. No início, se não é encontrado foco infeccioso, é preciso investigar. Doenças comuns (como dor de ouvido) precisam ser descartadas.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2022/01/cancer-raro-de-crianca-e-confundido-com-prisao-de-ventre-perdemos-6-meses-de-tratamento-lamenta-mae.html