
A enfermeira Priscila Lima, 30 anos, de Campinas, no interior de São Paulo, e o marido, o empresário Anderson, 39 anos, levaram um grande susto: sem planejar e sem suspeitar, descobriram que teriam uma filha. No entanto, a notícia chegou quando Priscila já estava com quase 37 semanas de gestação! Em entrevista à CRESCER, ela contou em detalhes como descobriu que Francine, o amor da sua vida, estava quase chegando, em outubro deste ano.
"Eu fazia uso de medicação para não engravidar há 5 anos, por isso, não menstruava. Até janeiro desse ano, tinha uma rotina super agitada com trabalho, treino, cuidados com a casa, enfim. Nessa época, fui desligada da instituição em que trabalhava. Como sou enfermeira, sempre trabalhei aos finais de semana e feriados, também por isso, foi um baque ficar em casa. Então, com tempo livre, foquei na academia e fazia corridas ao ar livre para gastar energia. Até que, em março, com a pandemia, fui obrigada a ficar em casa. A partir desse momento, passei a cozinhar, uma atividade que adoro e, por sinal, faço muito bem. Conseqüentemente, ganhei alguns quilinhos, até então, justificáveis.
Em agosto, consegui um novo trabalho, inclusive em uma ala destinada a pacientes com covid. Voltei rapidamente à rotina, perdi os quilinhos extras que tinha adquirido e estava tudo bem. Mas, alguns dias depois, em um domingo de folga, meu marido e eu decidimos almoçar fora. Coloquei um jeans que, desde o inicio da pandemia, não havia mais usado e notei que ficou um pouco apertado, mas nada que me impedisse de usá-lo. Já no restaurante, almoçamos e a calça começou me apertar muito, tanto que fui obrigada a abrir o botão e o zíper, mas seguimos nosso almoço. Chegando em casa, ao me olhar no espelho, notei que minha barriga estava imensa. Foi quando surgiu a dúvida: será que estou grávida ou gorda? Em comum acordo com meu esposo, no dia seguinte compraria um teste de gravidez.
Na segunda -feira pela manhã, com a barriga bem menor, acreditei que talvez não estivesse grávida. Desencanei do teste e a semana seguiu normalmente. Na sexta-feira seguinte, por insistência do meu marido, acabei comprando um teste de farmácia. Levantamos juntos no sábado de manhã para fazer o teste que, de imediato, deu positivo. Para confirmar, fomos até um laboratório para realizar o BHCG. O exame ficou pronto algumas horas depois, informando que eu estaria grávida de 12 a 14 semanas. Descobrimos, então, que estávamos grávidos! Na semana seguinte, já iniciamos o pré-natal. No entanto, na primeira consulta, após uma longa conversa, seguimos para o exame físico, aonde veio a surpresa: pela medida da minha altura uterina, o médico disse que eu deveria estar com 27 semanas — uma gestação bem mais adiantada pelo o que esperávamos. Então, ele pediu alguns exames.
Na manhã seguinte, quando deitei na maca para fazer a ultrassonografia, o médico que estava realizando o exame disse: 'Você já veio para ganhar mulher. Está de 36 semanas e 5 dias. É uma meninona.' A partir desse momento, só tenho a memória sonora. Fiquei em estado de choque. Saí da clinica, entrei no meu carro e lá permaneci por quase uma hora, parada, tentando lembrar o caminho de casa. Chorei, dei risada, fiquei sem saber o que fazer. Mandei uma foto do exame para o meu médico que, assim que conseguiu, me ligou. Ele tentou me acalmar, deu várias orientações e disse que me aguarda na próxima semana. Segui para contar ao meu marido. Cheguei lá chorando. Nesse momento, meu desespero era por não ter comprado nada para o bebê e nem saber o que seria necessário. Meu marido, com toda a calma do mundo, disse que chorar não iria adiantar, que teríamos que fazer uma lista e comprar o que precisaria. Na manhã seguinte, fomos as compras.
Por incrível que pareça, minha barriga se transformou: ganhou forma e cresceu como mágica! Consegui fazer algumas poucas fotos do barrigão e, no dia 14 de outubro, ela chegou ao mundo. Naquele dia, perdi o tampão mucoso às 5h23 da manhã. Fomos para a maternidade realizar alguns exames e passar por uma avaliação médica. Como ainda não tinha dilatação, fui liberada e voltei para casa. Segui no decorrer do dia em trabalho de parto até que retornamos à maternidade já com 9,5 cm de dilatação e, às 22h22, dei à a luz ao maior amor da minha vida! Por ter sido tudo muito rápido, hoje, as pessoas se surpreendem ao saber que tive uma filha: 'Como assim, aonde ela estava?'. Apesar de todo o susto, Francine chegou linda e saudável."
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COMO É POSSÍVEL?
Segundo o ginecologista e obstetra Gabriel Costa, da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), na maioria dos casos, a menstruação irregular é o que acaba dificultando o reconhecimento precoce da gravidez, porque a falta dela não causa desconfiança. Também pode acontecer de uma gestante não sentir a criança se mexendo, desde que, psicologicamente, ela negue aquela gravidez. "Existem casos em que ela até sente, mas atribui isso a outros fatores, como um movimento do intestino, por exemplo”, diz o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio Libanês (SP).
A negação é um mecanismo de defesa totalmente inconsciente. “É uma resposta àquela situação com a qual a mulher não consegue lidar naquele momento. Na tentativa de fugir desse conflito, ela acaba interpretando a realidade de um jeito distinto. Tudo o que possa levar a uma confirmação da gravidez é negado, rejeitado, relevado”, explica Cristiana Julianelli, psicóloga e psicanalista especializada no atendimento de gestantes (SP).
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Independentemente de ser uma gravidez desejada ou não, após a descoberta, é importante que a mãe tenha acompanhamento psicológico e possa contar com uma sólida rede de apoio, afinal, é muita informação para assimilar em pouquíssimo tempo. Muitas delas se preocupam com a saúde do bebê, remoendo a ausência do pré-natal e culpando-se por terem seguido uma vida sem restrições, muitas vezes consumindo álcool, tabaco ou medicamentos contraindicados. “O pré-natal realmente previne uma série de complicações e reconhece situações de risco. Não fazê-lo, assim como não ter seguido as orientações médicas, pode ser muito grave para mãe e filho, mas, felizmente, a maioria dos casos evolui bem”, tranquiliza Gabriel Costa.
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