Na última terça-feira (4), como de costume, a dona de casa Viviane Mendonça, 35, de Araçatuba, no interior de São Paulo, saiu de casa por volta das 6h da manhã e foi com o filho de 11 anos até o ponto, aguardar o ônibus escolar. "Ele entrou e sentou. Eu pedi para falar com o monitor e expliquei que ele é autista, disse que se ninguém mexer com ele, meu filho fica quietinho. Entreguei ainda um papel com os dias da semana em que ele volta com o transporte onde constava, inclusive, o nome da escola dele", lembra.
Só que mais tarde, cerca de 8h da manhã, ela recebeu uma ligação da funcionária de uma outra escola. "Ela disse que encontrou meu filho circulando, sozinho, por lá. Perguntou o que ele queria e ele disse que queria ir ao banheiro. Mas após sair, ela notou que ele estava perdido e não conseguia responder porque estava lá. Ela resolveu, então, olhar na mochila dele. Felizmente, eu escrevi no caderno dele meu endereço e telefone, dizendo que ele era autista. Fiquei surpresa, nervosa e muito desorientada. Tenho, inclusive, a ligação gravada. Depois disso, fui até lá buscar ele. Na volta, passei na delegacia e fiz um boletim de ocorrência. Foi um descaso", desabafou Viviane, em entrevista à CRESCER.
Segundo ela, essa não é a primeira vez que ela e o filho passam por uma situação angustiante. "No ano passado, ele estudava em outra escola e, por duas vezes, a escola esqueceu de colocá-lo no transporte. Então, uma vez a guarda municipal teve que trazê-lo e, na outra, um funcionário veio. E em nenhuma das vezes me ligaram avisando", diz. Segundo a mãe, o filho tem autismo leve, ele sabe se comunicar, mas toma medicamento contínuo e tem convulsões. "Hoje, ele não quis ir de ônibus. Tivemos que levá-lo. Eu ainda tenho outro filho autista de 6 anos que, a partir de amanhã, passa a usar o transporte também. E ele é não-verbal, estou ansiosa e não durmo direito de preocupação", completou.
O QUE DIZ A PREFEITURA?
O menino utiliza a linha de transporte de alunos mantida pela prefeitura. Por meio de uma nota, a Secretaria de Comunicação de Araçatuba informou que o menino não é aluno da rede municipal de ensino, porém, o município de Araçatuba mantém convênio com o Governo do Estado e, por este motivo, efetua o transporte de alguns alunos conjuntamente.
Além disso, disse que a Secretaria Municipal de Educação tomou conhecimento do caso e notificou a empresa de transporte pelo erro cometido. "A empresa foi informada previamente dos cuidados especiais que deve ter com o aluno, além do local de embarque e desembarque. O erro é inaceitável e a Prefeitura fará uma apuração para que erros como este não ocorram novamente", finalizou.
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