Apesar de tão pequena, Pina, de 7 anos, se mostrou uma menina de personalidade de gente grande. No último sábado (29), ela raspou o cabelo. Mas não é só um cabelo. Segundo o pai,o empreendendor paulista Facundo Guerra, 45, ela representa uma "nova geração de meninas que serão muito melhores do que eu jamais conseguiria ser".
Depois do feito, o pai fez um post na internet. Ele conta que a história de raspar o cabelo começou há cerca de dois anos, quando eles estavam em um café:
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"Pina deveria ter cinco anos. Vimos descer pela escada uma menina negra, alta, linda, cabeça raspada. Minha filha ficou hipnotizada por aquela mulher, a ponto de a convidar para sentar e tomar um café conosco para nos contar como era ter a cabeça raspada. A mulher nos contou que era difícil e libertador ao mesmo tempo: toda a mulher que raspa o cabelo contraria tudo que esperam dela, imediatamente fica repelente para os homens. Contou ainda que era necessária coragem para uma mulher raspar sua cabeça e se livrar do que os outros esperam de uma mulher bonita e do que é a fonte de sua beleza, segundo parâmetros sociais do que é belo.
Pina imediatamente quis raspar a sua. Eu fiquei temeroso: e se acharem que você está doente (como se isso fosse algum mal)? E se te chamarem de menino? E se te chamarem de feia? E se zoarem com você na escola? Excesso de preocupação de um pai obsoleto. Convenci a Pina a raspar apenas a lateral da cabeça, e assim foi pelos últimos dois anos. Pina tem uma amiga em sua classe que, por conta de um tratamento para recuperar sua plena saúde, tem a cabeça raspada, e prometeu à amiga que rasparia sua cabeça tão logo entrasse em férias, para que ela não fosse mais a única de cabeça raspada na escola. E assim foi.
Eu, feministo quente, machistinha resignado, esquerdopata desconstruído, paizão-biscoito, me vi sendo atropelado por essa menina que raspou sua cabeça e se sentiu livre e linda com sua cabeça descabelada. Eu, ultrapassado por uma geração de meninas que serão muito melhores do que eu jamais conseguiria ser, fiquei com sede de futuro. O futuro é realmente feminino, não importa o gênero. Só o feminino nos salvará. Me atropela, Pina."
REPERCUSSÃO POSITIVA
O post fez sucesso nas redes sociais. Em em menos de 16 horas já são mais de 11 mil curtidas e 1.300 comentários. "Juro que não imaginei que fosse gerar tanta repercussão! Escrevi às pressas, pensei que seria só mais um post. Mas que bom que não gerou polêmica pelo lado errado", disse. "Ela está muito feliz. Mas estamos de férias e só vamos saber como será a receptividade dos colegas e amigos quando voltarmos", completou.
Confira alguns comentários no post:
"Caiu um cisco no meu olho! Que orgulho dessa menina e deste pai que se mostra resiliente e disponível a novas experiências e aprendizados"
"Que o mundo conheça muitas Pinas. Eu espero conhecer muitas Pinas nos próximos 50 anos"
"Pina, tamo junto. Levei 36 anos para ter essa coragem, e foi uma das maiores libertações da vida (depois de parar de tomar pílula e parar de pintar os cabelos brancos). You Go girl!"
"Pina, atropele meus trinta e tantos anos com seu empoderamento!"
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2019/07/infancia-empoderada-eu-me-vi-sendo-atropelado-por-essa-menina-que-raspou-sua-cabeca-e-se-sentiu-livre-e-linda.html