Um modelo matemático desenvolvido pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da USP, a partir de dados preliminares da eficácia da vacina contra a covid-19, sugere que os intervalos entre as doses seja menor do que aplicado atualmente, para garantir a eficiência da proteção contra a variante delta. A ferramenta está descrita em um artigo publicado na revista científica PNAS.
De acordo com os cálculos, vacinas com menos de 50% de eficácia na primeira dose precisam de um intervalo menor de aplicação do que vacinas com taxas de eficácia maiores. No caso da variante delta, ainda faltam dados sobre a coronavac, mas as informações disponíveis sobre Pfizer e AstraZeneca mostram que a primeira dose tem apresentado baixa eficácia, em torno de 30%. O que torna muito importante o esquema vacinal completo, segundo a Agência Brasil.
Em regiões de prevalência da variante delta do coronavírus, o intervalo entre doses de vacina de covid-19 precisa ser mais curto do que 12 semanas para que se tenha um controle efetivo da pandemia, segundo detalhou o Jornal USP. “Se você está em um lugar onde ela é a variante prevalente, a eficácia da primeira dose, pelas primeiras estimativas que estão saindo agora, é muito menor do que era com a alfa, então muda a relação da eficácia entre primeira e segunda dose”, observa Paulo Silva, coautor do estudo.
O professor da Unicamp e pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria explicou ainda à Rádio Agência Nacional que o cálculo leva em consideração a vacinação, distanciamento social e medidas não farmacológicas, como uso de máscaras. O algoritmo combina ainda dados de uso da UTI, o mecanismo de ação da vacina, a disponibilidade da vacina e os dados demográficos da população em um modelo epidemiológico para prever futuras admissões na UTI por faixa etária.
De acordo com Paulo Silva, o modelo indica que os intervalos e critérios adotados no Brasil, sem levar em consideração a variante delta, estão adequados. Mas isso pode mudar se a cepa estabelecer uma transmissão comunitária e se espalhar. A tecnologia foi criada por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP).
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