Proteger as crianças deve ser uma das nossas prioridades, mesmo que os inimigos sejam "invisíveis", como é o caso dos vírus e das bactérias. De acordo com dados da Agência Brasil divulgados no fim do ano passado, desde 2015, metade das vacinas do calendário infantil não atinge a meta e, de 2018 para cá, nenhuma meta foi atingida.¹
Por que os pais e os responsáveis estariam deixando de vacinar seus pequenos?
Segundo o pediatra infectologista e Presidente do Departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri (CRM-SP: 59492), o próprio sucesso das vacinas fez com que as doenças associadas a elas “desaparecessem” e deixassem de ser percebidas como um risco para as famílias. Por isso, o interesse pela vacinação caiu. “Além disso, à medida que não se convive mais com enfermidades como sarampo, rubéola, difteria e coqueluche, as pessoas começam a achar que qualquer efeito adverso que as vacinas possam ter se sobrepõe aos benefícios de se imunizar”, acrescenta a epidemiologista e doutora em medicina tropical, Carla Domingues, que foi Coordenadora do programa de imunizações de 2011 a 2019.
Fora a varíola, nenhuma outra doença foi completamente eliminada do mundo, e esses pensamentos podem permitir que doenças quase eliminadas voltem rapidamente. A poliomielite, por exemplo, ainda está presente no Paquistão e no Afeganistão.² “Por isso, é preciso vacinar para (a doença) não voltar”, reforça Kfouri.
Doses seguras
Febre, mal-estar, choro persistente, dor e vermelhidão no local da aplicação são alguns dos efeitos adversos que as crianças podem ter depois de receberem as vacinas – sinais e sintomas que costumam durar até 48 horas. No entanto, há quem questione a segurança das vacinas, geralmente, por influência de fake news.
Ideias de que as vacinas poderiam afetar o sistema imunológico dos pequenos quando tomadas ao mesmo tempo não têm qualquer fundamento científico. “Quanto mais vacinas são aplicadas, mais o sistema imunológico é estimulado a proteger o organismo e responder prontamente ao entrar em contato com os agentes infecciosos”, explica a epidemiologista. Além disso, estudos mostraram não haver qualquer associação entre o número crescente de vacinações e o de hospitalizações por infecções relacionadas à baixa imunidade.5,6 “Também não há mais efeito adverso por aplicar mais de um tipo de vacina no mesmo dia”, esclarece a Dra. Carla.
Outra preocupação dos responsáveis seria a de que a vacinação poderia causar autismo. Mas vários estudos já mostraram que não existe qualquer associação entre o transtorno do espectro autista e a imunização.7
Para garantir a segurança das vacinas, o tempo todo são realizados monitoramentos na população para identificar qualquer suspeita de relação entre a vacinação e o desenvolvimento de alguma doença tardia.8 “Esta é uma questão primordial em qualquer programa de imunização”, afirma a epidemiologista.
Na data certa
Para deixar uma criança completamente protegida, é imprescindível cumprir à risca o calendário de vacinação infantil.9 Ele é organizado em função do risco dos pequenos contraírem doenças em cada idade.10,11 “Separar as doses ou atrasá-las irá colocá-los sob risco”, alerta a epidemiologista. Por isso, atente-se ao cronograma e aos intervalos entre as doses.9
Lembre-se: vacinar é um ato de amor e uma questão de responsabilidade social. As vacinas têm uma considerável participação na queda da mortalidade infantil e no aumento da expectativa de vida das populações. As vacinas salvam cerca de 3 milhões de pessoas por ano ou 5 pessoas a cada minuto no mundo.12
Referências bibliográficas:
1. Agência Brasil. Em queda há 5 anos, coberturas vacinais preocupam Ministério da Saúde. 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-10/em-queda-ha-5- anos-coberturas-vacinais-preocupam-ministerio-da-saude. Acessado em 25
de junho de 2021.
2. BBC News Brasil. As doenças infecciosas derrotadas graças às vacinas. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55354546. Acessado em 08 de julho de 2021.
3. BBC News Brasil. Sarampo, pólio, difteria e rubéola voltam a ameaçar após erradicação no Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44706026. Acessado em 08 de julho de 2021.
4. Estadão. Os desafios da erradicação da poliomielite no mundo. Disponível em:
https://ift.tt/3BpzvtR mundo,70003507637. Acessado em 25 de junho de 2021.
5. Hviid A, Wohlfahrt J, Stellfeld M et al. Childhood vaccination and nontargeted infectious disease hospitalization. JAMA. 2005;294(6):699-705.
6. Sherrid AM, Ruck CE, Sutherland D et al. Lack of broad functional differences in immunity in fully vaccinated vs. unvaccinated children. Pediatr Res. 2017;81(4):601-8.
7. Madsen KM, Hviid A, Vestergaard M et al. A population-based study of measles, mumps, and rubella vaccination and autism. N Engl J Med. 2002;347(19):1477-82.
8. Geoghegan S, O’Callaghan KP, Offit PA. Vaccine safety: myths and misinformation. Front Microbiol. 2020;11:372.
9. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação. Disponível em:
https://www.saude.go.gov.br/files/imunizacao/calendario/Calendario.Nacional.Vacinacao.2020.atualizado.pdf. Acessado em 8 de julho de 2021.
10. Offit PA, Quarles J, Gerber MA et al. Addressing parents’ concerns: do multiple vaccines overwhelm or weaken the infant’s immune system? Pediatrics. 2002;109(1):124-9.
11. Offit PA, Moser CA. The problem with Dr Bob’s alternative vaccine schedule. Pediatrics. 2009;123(1):e164-9.
12. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Movimento antivacinas: uma séria ameaça à saúde global. Disponível em: https://www.iqm.unicamp.br/movimento-antivacinas-uma-séria-ameaça-à-saúde-global. Acessado em 25 de junho de 2021
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BR-HPV-00325 PRODUZIDO EM AGOSTO/2021 VÁLIDO POR 2 ANOS
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