A pandemia virou a rotina das crianças de ponta-cabeça. Com o isolamento social e as aulas remotas, o tempo que elas passavam em frente às telas, vendo TV ou jogando em tablets e celulares, disparou. Um estudo feito pela Universidade Estadual de Ohio (EUA) mostrou que, em média, os pequenos passavam até 6 horas por dia com um dispositivo eletrônico nas mãos. Mas, ao que parece, agora a situação parece estar voltando a ser como era antes.
Um estudo britânico, encomendado pela Fruittella UK, mostrou que o comportamento das crianças está mudando. Dos 2 mil pais entrevistados, 90% disseram que seu filhos já estão voltando a gastar mais tempo em atividades offline.
Depois de mais de um ano de pandemia, 88% das crianças em idade escolar afirmam se sentir "desesperadas" para sair e brincar. Apenas 30% delas dizem que preferem continuar em casa jogando videogame.
"Sabemos que muitos pais se preocupam com quanto tempo seus filhos passam em frente às telas, por isso é ótimo ver que, na verdade, a maioria das crianças quer brincar lá fora e explorar", diz Lauren Potter, gerente de marca da Fruittella UK, que encomendou a pesquisa.
O debate sobre o uso dos aparelhos eletrônicos pelas crianças sempre esteve presente entre pais, educadores e profissionais da saúde. Mas, a situação que vivemos agora é inédita e muda todas as nossas perspectivas, inclusive sobre a tecnologia. As famílias, de repente, precisaram encontrar uma nova forma de viver, conciliando a educação em casa, com o trabalho e os cuidados com as crianças em tempo integral.
Segundo a pediatra Flávia Nassif, do pronto-socorro e da enfermaria do Hospital Sírio Libanês, quando usados de forma excessiva, os dispositivos podem: afetar o sono, por causa da luminosidade que interfere na produção da melatonina; atrapalhar na alimentação adequada; prejudicar a audição, provocar dor nas costas e no ombro - pela permanência em uma mesma posição durante muito tempo; e gerar distúrbios visuais. Além de diminuir a socialização e aumentar a obesidade e o sedentarismo, pois as atividades físicas ficam em segundo plano.
Diante disso, é importante ter bom senso e flexibilizar as regras. "Não deixe a criança ficar o tempo todo online. Em uma situação atípica, tudo bem tolerar um pouco, mas ficar só nesses dispositivos não é uma alternativa atraente. Tente organizar o seu tempo para que consiga ficar mais horas com o seu filho, ainda mais em um momento que todos estão estressados.", explica a pediatra Flávia.
Como alternativas, diversifique as atividades. Tente planejar dias para colorir, pintar, cantar, produzir e criar projetos para montar bonecos de massinha. Aproveite este momento para usar a sua imaginação e a do seu filho. Em dias mais difíceis, em que os adultos tenham muitos compromissos, dá para pedir às crianças que ajudem em pequenas tarefas, como o preparo das refeições, arrumar a cama, dobrar roupas... Do jeito deles, é claro, e de acordo com a idade. Não é necessário cortar totalmente os dispositivos da rotina, mas utilize a tecnologia ao seu favor.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Crescer? É só clicar aqui e assinar!
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/08/pandemia-criancas-estao-voltando-diminuir-tempo-em-frente-telas-diz-estudo.html