Os professores do estado de São Paulo ameaçam entrar em greve, caso haja de fato a reabertura das escolas em fevereiro. Conhecida como professora Bebel, Maria Izabel Azevedo Noronha, que é presidente da Apeoesp, diz que é necessário incluir os profissionais na primeira fase de vacinação. "Nós somos uma categoria que lida diretamente com o risco de pegar o coronavírus", afirma a professora.
Para Bebel, seria uma atitude irresponsável levar os professores para as salas de aula sem antes ocorrer a imunização desses profissionais. Além da vacina, a presidente também ressalta que é importante continuar seguindo todos os protocolos de higiene. "Não teremos o controle dessa doença, mesmo com a vacina", diz.
Em um cenário em que os profissionais da educação não sejam imunizados, o ideal para a presidente do sindicato seria seguir com o trabalho home office. No entanto, é preciso democratizar o acesso às tecnologias para que os alunos não sejam prejudicados.
VOLTA ÀS AULAS
O Secretário Estadual de Educação de São Paulo Rossieli Soares disse que defende que o retorno às aulas presenciais no estado seja obrigatório para alunos e professores. No entanto, os estudantes e profissionais que tenham atestado comprovando que estão no grupo de risco para a covid-19 não precisarão retornar presencialmente. Caso ocorra a greve dos professores no estado de SP, a Secretaria de Educação informou à Crescer que pretende entrar na justiça.
Quanto à questão da imunização, a Secretaria de Educação afirma que o Plano de Imunização é realizado pela Secretaria de Saúde. A Crescer contatou a Secretaria de Saúde para comentar o caso, mas ainda não obteve resposta.
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, o Secretário afirmou que a obrigatoriedade será decidida pelo Conselho Estadual. "O conselho vai decidir se é obrigatória a presença do estudante. Essa regra também valerá para os municípios. A ideia é que agora nós tenhamos a obrigatoriedade do retorno. Mas, aquele que tiver um atestado falando que é parte do grupo de risco não precisará voltar", explicou o secretário.
A previsão de retorno às aulas na rede estadual está mantida para fevereiro. "Mesmo que estivermos em uma bandeira vermelha, por exemplo, voltaremos em rodízio com no máximo até 35% dos alunos no mesmo turno", disse o Secretário. A medida vale para os estudantes da educação infantil até o ensino médio. Com relação às faltas, em casos de algumas famílias se recusarem a levar as crianças à escola, a Secretaria de Educação do estado informou à Crescer que espera a decisão do Conselho Estadual para ter um parecer oficial.
Abertura das escolas é polêmica
Aqui no Brasil, no ano passado, um grupo com cerca de 150 médicos em todo o país lançou a campanha #LugardeCriançaÉnaEscola. A reabertura das escolas públicas em fevereiro de 2021, seguindo os protocolos de segurança para prevenção da covid-19, é a principal bandeira defendida pelo grupo. Entre os líderes da iniciativa estão os pediatras Daniel Becker, do Rio de Janeiro (RJ), e Rubens Cat, professor da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba (PR).
De acordo com Becker, a iniciativa surgiu por causa da preocupação do grupo com o bem-estar e desenvolvimento das crianças que frequentam escolas públicas. “Os alunos da rede pública de ensino estão abandonados e são justamente os mais vulneráveis”, disse Becker à Crescer. “Eles não têm aula há quase um ano e não conseguem acompanhar o ensino à distância. Muitas vezes vivem em casas com pouco espaço e estão em situação de insegurança alimentar porque dependiam das refeições na escola. Não podemos permitir que isso prossiga em 2021, aprofundando as desigualdades de nosso país”.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) também se posicionou sobre o retorno das aulas e enviou uma carta para que os prefeitos recém-eleitos no Brasil deem prioridade para abertura segura das escolas, em meio à pandemia da covid-19. "As escolas devem ser as últimas a fechar e as primeira a reabrir em qualquer emergência ou crise humanitária", diz a carta assinada por Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil.
Já no Reino Unido, o governo ordenou o fechamento de maior parte de suas instituições de ensino, para conter o avanço de uma variante do coronavírus.
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