A advogada Izabela Nunes, 35 anos, de Londrina (PR), fez um desabafo nas redes sociais depois de sua filha Manoela, 7, que tem Síndrome de Down, ter sido impedida de entrar desacompanhada em um brinquedo de um dos shoppings da cidade no sábado (1º), apesar de ter a idade e a altura mínima estipuladas no regulamento.
Em entrevista à Crescer, Izabela explicou que foi ao shopping com o marido, Manoela, seu filho caçula, Lucas, 5, e outras crianças para almoçar e que decidiram ir ao brinquedo - que inclui uma piscina de bolinhas gigantes, escorregadores e tirolesa - depois de pedidos dos pequenos. “Quando chegou a nossa vez perguntaram se a Manoela tinha Síndrome de Down. Eu respondi que sim e disseram que ela não poderia entrar desacompanhada”, afirmou a mãe. “Quando questionei o porquê dessa exigência, sendo que visitantes a partir de 5 anos já podem entrar sozinhos, a funcionária me respondeu que era pela segurança das outras crianças. Meu marido e outras pessoas na fila disseram que aquilo era um absurdo e só então a funcionária tentou consertar afirmando que era pela segurança da própria Manoela”.
Ao ser impedida de entrar sozinha, Manoela começou a chorar e a família decidiu ir embora. “Conseguimos acalmá-la depois de um tempo e, para Manoela, ficou tudo bem, mas senti que foi feita uma diferenciação entre ela e os outros”, explica Isabela. “Por que só ela não poderia entrar sozinha se tinha altura e idade? Ela é uma criança que vai à escola regular e faz aulas de ballet e natação sem precisar que eu esteja a seu lado. As pessoas querem impor limites e duvidam da capacidade dela. Eu quero criar minha filha independente, e aquela era uma boa oportunidade para explorar, ter autonomia e fortalecer a auto confiança em um ambiente seguro. Jamais deixaria nenhuma das crianças que estavam comigo ir ao brinquedo se o considerasse perigoso”.
A empresa Kinder Malls, responsável pelo brinquedo, manifestou através do Instagram nesta terça (4), afirmando que a funcionária “visou a segurança da própria criança”. “Gostaríamos de destacar que não houve impedimento para que a criança brincasse, mas apenas cuidado com a segurança dela, como é praxe em todos os nossos parques. Investimos continuamente em treinamento e capacitação de nossos funcionários e lamentamos profundamente o mal-entendido, que provocou frustração na família”, escreveu a empresa em nota.
Para Izabela, a resposta da empresa não reflete o que realmente aconteceu e a família pretende tomar as medidas legais cabíveis. “Não queremos dinheiro, mas que eles façam um bem social para se retratar do ocorrido”, disse.
Ela comentou também as críticas que recebeu nas redes sociais por causa da postagem. “Apesar de a maioria dos comentários que recebi terem sido de apoio, alguns disseram que é mimimi da minha parte e que sou mimada sem sequer terem visto qual foi o tom da conversa. Muitas pessoas silenciam casos de discriminação justamente por causa desse tipo de julgamento e, por isso, ao conversar com minha família, achamos importante expor o assunto com a esperança de que não se repita”, afirmou. Desde que foi compartilhada no sábado (1º), a postagem de Izabela recebendo dezenas de comentários.
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