Existem algumas palavras que sempre permeiam o assunto educação de filhos: obediência, colaboração, comportamento, cooperação. Eu tenho minhas ideias quando se fala de cada uma delas, mas hoje quero falar da última: cooperação.
E aqui quero te fazer olhar diferente para o que seria cooperar.
Segundo os dicionários cooperar é “atuar, juntamente com outros, para um mesmo fim; contribuir com trabalho, esforços, auxílio; colaborar". E é isso mesmo, e o mais importante para mim seria “juntos, atingir um mesmo fim”.
Mas a pergunta é: que fim seria esse? Que objetivo seu filho de 2 anos tem junto com você? O que vai fazer vocês atuarem juntos para atingir esse fim?
Nossa ideia de cooperação é “faça o que estou me pedindo, faça o que eu espero que você faça, faça do meu jeito". Mas não é assim que ocorre na maioria das vezes, certo? Porque eles não cooperam?
Eu amo a ideia do terapeuta familiar Jesper Juul, que diz que as crianças cooperam imitando os adultos mais importantes da sua vida e comunicando, assim, o que está acontecendo. Deixa eu explicar com um exemplo.
Sabe quando você vai deixar seu filho no primeiro dia de aula na escola? E seu coração está apertado, você está insegura, chora, mas quer dizer que está tudo bem? Pois é, seu filho coopera com você quando sente tudo isso e chora junto. De alguma maneira, o objetivo dele é o mesmo que o seu: resolver essa sensação. Então, ele coopera dizendo: “mãe, alguma coisa não está legal aqui, alguma coisa está confusa, e estou deixando que você saiba para que você resolva e nós dois possamos ficar melhor" Ou seja, “deixa eu te imitar, deixa eu te contar o que estou sentindo aqui: insegurança, medo, tristeza, aí você resolve, já que é o adulto, ok?”.
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Comportamento é comunicação. Quando a gente entende isso desde cedo, quando a gente entende que uma birra, um choro não é algo pessoal, planejado para nos testar, a gente passa a olhar de outra maneira. A gente passa a deixar de querer calar o comportamento e passa a investigar o motivo: o que ela está querendo me dizer? Onde podemos ir juntos? O que podemos resolver juntos? Será fome? Sono? Carência?
O problema é que, muitas vezes, as crianças “leem” em nós coisas que não estamos atentas. A gente desliga, desconecta e não percebe que no fundo não está bem. A gente se engana, disfarça, acha que um filho não está consciente de algo como um divórcio eminente, um parente doente. Ele pode até não saber o que está acontecendo, mas sente que tem algo fora de lugar e demonstra isso. Como? Ficando mais irritado, mais carente, mais agressivo, chorando, mudando.
Jesper Juul diz: “Elas (as crianças) vão à raiz do problema. Sem estarem conscientes disso, elas sempre põem seus dedos no conflito que está impedindo a família de conseguir um bem estar autêntico“
Então, da próxima vez que seu filho não estiver bem e você não estiver enxergando um motivo óbvio para aquilo tudo, pergunte-se se ele não está cooperando com você, te pedindo para investigar dentro do seu coração o que precisa ser resolvido!
É como eu falo sempre: a maternidade é o maior curso de desenvolvimento pessoal possível. Mas precisamos entender que o objeto de estudo somos nós e não eles. É a história deles, mas, antes dela, vem a nossa! Coopere você também.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Mae-de-sete/noticia/2019/12/o-comportamento-do-seu-filho-esta-estranho-ele-pode-estar-tentando-se-comunicar.html