Ver um professor segurando uma criança na aula pode parecer uma situação no mínimo curiosa. No entanto, para o docente e biólogo, Yuri Cláudio Cordeiro de Lima, isso é um gesto simples de empatia. Um dia, enquanto estava dando uma aula de análise ambiental, ele percebeu que a filha de uma de suas alunas estava muito agitada e decidiu pegá-la no colo.
A bebê, Eloá, é uma assídua frequentadora das aulas. Sua mãe, a piauiense Jordianne Thamires Rodrigues Bezerra, 20, é estudante de biomedicina e deu à luz em julho deste ano, próximo ao último semestre do curso. "Como estava perto de me formar, não pensei em parar de ir às aulas. Comecei a levar minha filha com 20 dias para a faculdade", diz.
No início, a menina só acompanhava a mãe nos dias das provas, porque os professores passavam exercícios para Jordianne fazer em casa. No entanto, com o tempo, a estudante voltou a frequentar a faculdade, junto com sua filha no período da manhã. Por semana, a piauiense faz sete disciplinas com aulas de 1h30 por dia.
Jordianne diz que a bebê sempre dormia na sala e se ela acordasse, a mãe dava alguns brinquedos e a filha ficava quieta. Agora, a menina está na fase de querer interagir e conversar com as pessoas. "Naquele dia, o professor a viu falando e disse 'hoje você está muito conversadeira, Eloá, deixa eu te segurar", explica a mãe.
No colo de Yuri, a menina ficou com os olhos atentos ao que o professor dizia. "Foi um ato muito espontâneo. No final da aula, percebi que a criança ficou muito agitada e a mãe não conseguia mais se concentrar. Por isso, decidi ajudar. Na minha família, sempre valorizamos as demonstrações de afeto", diz o docente.
Por cerca de 10 minutos, Eloá ficou no colo de Yuri concentrada na aula sobre aspectos do licenciamento ambiental. O gesto de empatia foi gravado por Jordianne e o vídeo viralizou nas redes sociais. (Confira o vídeo no final da matéria).
Até terminar o curso, a mãe diz que pretende continuar levando a menina, hoje com 5 meses, para a faculdade. "Eu não tenho com quem deixar minha filha. Meu marido trabalha e também faz faculdade. Meu pai que fica em casa poderia me ajudar, mas ele não movimenta os braços e teria dificuldade para pegá-la.", explica a mãe.
Sobre a instituição, Jordianne afirma que nunca teve problemas em levar a filha para as aulas. Seus colegas também a ajudam quando precisam. "Meus amigos sempre que podem carregam o meu carrinho e se eu não consigo anotar o conteúdo eles me repassam depois", finaliza a mãe.
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