Quando o bebê chega ao mundo, os pais institivamente se concentram em suprir as necessidades básicas do recém-chegado. Eles se certificam de que a criança terá comida, roupa e abrigo. Por outro lado, os pais acabam se esquecendo de que esse bebê, não só em termos psicológicos, mas, sobretudo, biológicos, se beneficia e precisa do poder do toque.
Pensem comigo. Até pouco tempo atrás, esse bebê estava num lugar úmido e seguro. Alí, dentro do útero, passava por diversas sensações e experiências: ouvia a voz da mãe, do pai, de outras pessoas. À medida que ia crescendo e se desenvolvendo, encontrava posições mais confortáveis, ainda que não muito para a mãe. Quando esse bebê nasce, ele tem uma experiência impactante: sente o ar encher-lhe os pulmões, experimenta a sensação de estar em um ambiente seco, totalmente diferente do que estava acostumado. Enfim, quando o bebê abandona a hospitalidade que lhe é oferecida no útero e encontra no mundo exterior um sentido adverso, é nos braços da mãe que ele quer chegar.
É por isso que o toque é uma necessidade do bebê. É assim que a criança vai estabelecer uma conexão com os outros: a mãe, o pai e seus cuidadores. Quando falo de toque, estou falando não só do contato de pele, mas também do colo e do abraço. O problema é que com a vida agitada, sentimos como se devêssemos viver independentemente do resto da sociedade. Tentamos reservar um tempo para interagir com os outros diariamente, mas, no fim do dia, passeamos sozinhos em nosso próprio espaço-mundo. Isso pode ser suficiente se você viver completamente só. Como pai ou mãe, no entanto, essa visão deve ser diferente.
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Existem numerosos estudos mostrando os benefícios oferecidos aos bebês que crescem em famílias que respeitam o poder do toque. Esses indivíduos, quando crescem, tornam-se pessoas mais felizes, saudáveis e mais bem-sucedidas. Ao abraçar seu bebê, você pode desenvolver um relacionamento profundo e significativo que transforma sua vida em uma existência positiva. Essa comunicação tácita mostra a eles que são importantes e que podem confiar em você.
E nunca é tarde demais para começar! Na verdade, não é incomum que uma criança de 3 anos peça colo. Bem, ainda que você julgue que não seja mais adequado para idade, minha sugestão é: se a criança pediu, dê! Sabe por quê? Porque ninguém pede nada de que não precise. Ao longo de toda a infância até, mais ou menos, aos 12 anos, as crianças são capazes de pedir aquilo de que necessitam. São demandas simples: presença, carinho, um olhar, proximidade com o corpo dos pais, atenção e dedicação. No entanto, os adultos estão cada vez menos interessados em entender essas mensagens e, diante de um pedido desses, soltam logo um: “Ah, você já está grande para isso”; ou um: “Você não é mais bebê, está regredindo?” Esquecem-se de que na fase adulta buscam terapias ou sistemas de aperfeiçoamento pessoal que estão baseados na capacidade de regressar aos lugares que ficaram vazios de afeto e respeito. Isso porque há, no ato de regressar, um processo de cura.
Então, quer se conectar com seu filho, seja ele um bebê ou já um pouco mais crescidinho? Faça essas três coisas, independentemente da idade deles:
1. Esqueça o celular quando chegar em casa. Pelo menos, por alguns momentos.
2. Depois do trabalho, permita que seu filho “recupere” o tempo perdido.
3. Abrace-o, tome-o em seus braços, dê colo.
Essas três coisas simples vão reforçar ao seu filho que você estará lá com braços estendidos em um momento de necessidade. Em tempos de estresse infantil, não há cura melhor para os problemas de uma criança do que um abraço, um toque. Apenas tente.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Monica-Pessanha/noticia/2019/11/o-poder-do-toque-na-conexao-com-os-filhos.html